Mecanização de Superfície: Técnica de Preparação de Superfície para Controle de Qualidade do Aço
Compartilhar
Table Of Content
Table Of Content
Definição e Conceito Básico
A fresagem de pele é um processo de usinagem de precisão utilizado na indústria do aço para remover a camada superficial (pele) de produtos de aço, particularmente placas, tarugos, lingotes ou chapas. Este processo remove seletivamente a camada mais externa de material que normalmente contém defeitos de superfície, descarbonização, escamas ou outras imperfeições formadas durante os processos de fundição, laminação ou tratamento térmico.
O principal objetivo da fresagem de pele é melhorar a qualidade da superfície e a precisão dimensional dos produtos de aço antes do processamento subsequente ou entrega final. Ao remover a camada externa defeituosa, os fabricantes podem eliminar irregularidades de superfície que, de outra forma, poderiam se propagar em defeitos no produto acabado.
No contexto mais amplo do processamento metalúrgico, a fresagem de pele representa uma etapa crítica de controle de qualidade que conecta a produção primária de aço e a fabricação a jusante. Serve tanto como um processo corretivo para corrigir imperfeições de superfície quanto como uma etapa preparatória para garantir condições ideais para operações subsequentes, como laminação, forjamento ou soldagem.
Natureza Física e Fundamento Teórico
Mecanismo Físico
No nível microestrutural, a fresagem de pele remove a camada de superfície heterogênea do aço que difere significativamente do material em massa. Esta camada de superfície frequentemente contém inclusões não metálicas, partículas de óxido e regiões com composição química alterada devido à interação com a atmosfera durante o processamento.
A pele externa dos produtos de aço normalmente exibe estruturas de grão diferentes em comparação com o material do núcleo. A descarbonização superficial, onde o teor de carbono é reduzido perto da superfície devido à exposição a altas temperaturas ao oxigênio, cria um gradiente de propriedades mecânicas da superfície para o núcleo. A fresagem de pele remove esta camada comprometida para expor material com propriedades consistentes.
O processo corta fisicamente o metal em nível microscópico, criando novas superfícies ao quebrar ligações atômicas ao longo de planos cristalográficos específicos. A mecânica de corte envolve deformação plástica à frente da aresta de corte, seguida pela formação de cavacos e separação do trabalho.
Modelos Teóricos
O principal modelo teórico que descreve a fresagem de pele é o modelo de corte ortogonal, que analisa a mecânica da remoção de material como um processo bidimensional. Este modelo, pioneiro de Merchant na década de 1940, descreve a relação entre forças de corte, geometria da ferramenta e propriedades do material.
A compreensão histórica da fresagem de pele evoluiu de práticas empíricas de chão de fábrica para análise científica da mecânica de corte de metais. O trabalho de Taylor no início do século 20 estabeleceu relações fundamentais entre parâmetros de corte e vida útil da ferramenta, enquanto pesquisas posteriores de Ernst, Merchant e outros desenvolveram modelos abrangentes de formação de cavacos.
Abordagens modernas incluem modelagem por elementos finitos (FEM) que simula as complexas interações termo-mecânicas durante o corte, e simulações de dinâmica molecular que examinam o processo em escala atômica. Essas abordagens diferem dos modelos clássicos ao levar em conta a sensibilidade à taxa de deformação, efeitos térmicos e evolução microestrutural durante a usinagem.
Base da Ciência dos Materiais
A fresagem de pele interage diretamente com a estrutura cristalina do aço, onde as forças de corte causam movimento de discordâncias e deformação plástica. A eficácia do processo varia com a orientação cristalográfica, pois certos sistemas de deslizamento se ativam mais prontamente durante o corte.
As fronteiras de grão no aço influenciam significativamente o processo de fresagem. Estruturas de grão mais finas geralmente produzem acabamentos de superfície melhores, enquanto grãos grossos podem levar a superfícies irregulares ou rasgos durante a usinagem. A presença de diferentes fases (ferrita, perlita, martensita) afeta as forças de corte e os padrões de desgaste da ferramenta.
O processo se conecta a princípios fundamentais da ciência dos materiais, incluindo endurecimento por deformação, onde a deformação plástica aumenta a resistência do material, e amolecimento térmico, onde o calor gerado pelo corte reduz a resistência do material. O equilíbrio entre esses mecanismos concorrentes determina as características de formação de cavacos e a qualidade da superfície.
Expressão Matemática e Métodos de Cálculo
Fórmula de Definição Básica
A taxa de remoção de material (MRR) na fresagem de pele é definida como:
$$MRR = a_p \times a_e \times v_f$$
Onde:
- $a_p$ = profundidade axial de corte (mm)
- $a_e$ = largura radial de corte (mm)
- $v_f$ = taxa de avanço (mm/min)
Fórmulas de Cálculo Relacionadas
A potência de corte necessária para a fresagem de pele pode ser calculada como:
$$P_c = \frac{k_c \times MRR}{60,000}$$
Onde:
- $P_c$ = potência de corte (kW)
- $k_c$ = força de corte específica (N/mm²)
- $MRR$ = taxa de remoção de material (mm³/min)
A rugosidade da superfície pode ser estimada usando:
$$R_a \approx \frac{f_z^2}{8 \times r_\varepsilon}$$
Onde:
- $R_a$ = rugosidade média aritmética (μm)
- $f_z$ = avanço por dente (mm)
- $r_\varepsilon$ = raio da ponta da ferramenta (mm)
Condições e Limitações Aplicáveis
Essas fórmulas assumem condições de corte em estado estacionário sem desgaste significativo da ferramenta ou vibração. Elas são válidas para operações de fresagem convencionais com montagens rígidas e engajamento adequado da ferramenta.
Os modelos têm limitações quando as velocidades de corte excedem certos limites onde os efeitos térmicos dominam, tipicamente acima de 300-400 m/min para aços carbono. Em profundidades de corte muito baixas (abaixo de 0,1 mm), os efeitos de tamanho se tornam significativos e os modelos perdem precisão.
Essas equações assumem propriedades de material homogêneas do trabalho, o que pode não ser verdade para materiais segregados ou compostos. Elas também negligenciam efeitos dinâmicos, como vibrações de chatter, que podem alterar significativamente o processo real de remoção de material.
Métodos de Medição e Caracterização
Especificações de Teste Padrão
ASTM E3-11: Guia Padrão para Preparação de Amostras Metalográficas - Cobre a preparação de amostras para examinar a qualidade das superfícies fresadas.
ISO 4287: Especificações Geométricas de Produtos (GPS) - Textura de superfície - Fornece parâmetros para quantificar a rugosidade da superfície após a fresagem de pele.
ASTM B46.1: Textura de Superfície - Estabelece métodos para medir e relatar características de superfície de produtos usinados.
ISO 8688-2: Teste de Vida Útil da Ferramenta em Fresagem - Esboça procedimentos para avaliar o desempenho da ferramenta durante operações de fresagem de face, como a fresagem de pele.
Equipamentos e Princípios de Teste
Perfilômetros de superfície medem a topografia das superfícies fresadas usando métodos de estilete de contato ou técnicas ópticas não contatantes. Esses instrumentos quantificam parâmetros como rugosidade média (Ra) e altura máxima do perfil (Rz).
Máquinas de medição por coordenadas (CMMs) avaliam a precisão dimensional e a planicidade das superfícies fresadas. Elas operam sondando o trabalho em pontos definidos e comparando as coordenadas medidas com os valores nominais.
A caracterização avançada emprega microscopia eletrônica de varredura (SEM) para examinar a microestrutura da superfície em alta ampliação, revelando características como rasgos, borrões ou microfissuras que podem não ser visíveis através da inspeção convencional.
Requisitos de Amostra
As amostras de teste padrão devem ter dimensões apropriadas para o equipamento de teste, tipicamente 100-200 mm de comprimento e largura para avaliação da rugosidade da superfície. A espessura deve ser suficiente para evitar deflexão durante a usinagem, geralmente pelo menos 10 mm.
A preparação da superfície requer manuseio