Blanking: Processo de Corte de Metal em Folha de Precisão na Fabricação de Aço

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Definição e Conceito Básico

Blanking é um processo de conformação de metais que envolve o corte de uma peça de trabalho plana para criar uma forma ou contorno predeterminado usando um mecanismo de matriz e punção. O processo separa a forma desejada (blank) do material circundante (sucata) através de forças de cisalhamento aplicadas perpendicularmente à superfície do material. O blanking representa uma das operações fundamentais de corte de chapa metálica na fabricação.

Este processo serve como um passo crítico em numerosas sequências de fabricação de metais, particularmente em indústrias que requerem produção em alta volume de componentes metálicos precisos. A qualidade da peça blanked influencia diretamente os processos subsequentes, como conformação, estiramento e operações de montagem.

Dentro do campo mais amplo da metalurgia, o blanking ocupa uma posição na interseção da metalurgia mecânica e dos processos de fabricação. Ele se baseia nas propriedades de cisalhamento dos metais e seu comportamento de deformação sob altas taxas de deformação, tornando-se uma aplicação prática dos princípios teóricos da plasticidade dos metais.

Natureza Física e Fundamento Teórico

Mecanismo Físico

No nível microestrutural, o blanking envolve deformação plástica localizada seguida pela propagação de fraturas através da espessura do material. Quando a punção entra em contato com a chapa metálica, cria uma zona de compressão que se transforma em deformação de cisalhamento à medida que a punção penetra mais fundo. Essa ação de cisalhamento faz com que as deslocalizações se movam ao longo de planos de deslizamento na estrutura cristalina.

O material passa por quatro fases distintas durante o blanking: deformação elástica, deformação plástica, iniciação de fratura e propagação de fratura. A fratura começa nas bordas de corte da punção e da matriz, criando um perfil de borda cortada característico com zonas distintas.

A resposta microestrutural varia com as propriedades do material, particularmente tamanho de grão, orientação e distribuição. Materiais de grão fino geralmente produzem bordas de corte mais limpas, enquanto estruturas de grão grosso podem apresentar superfícies de fratura mais irregulares.

Modelos Teóricos

O principal modelo teórico para blanking é a teoria de localização de bandas de cisalhamento, que descreve como a deformação se concentra em bandas estreitas durante processos de alta taxa de deformação. Este modelo foi desenvolvido em meados do século 20 e refinado através da análise de elementos finitos nas últimas décadas.

Historicamente, a compreensão do blanking evoluiu de observações empíricas para modelos analíticos. Trabalhos iniciais de pesquisadores como Sachs e Keller na década de 1940 estabeleceram relações entre as propriedades do material e as forças de blanking. Mais tarde, pesquisadores como Atkins desenvolveram modelos mais sofisticados incorporando mecânica de fratura.

Abordagens modernas incluem modelos de elementos finitos elástico-plásticos que simulam todo o processo de blanking, modelos de plasticidade com gradiente de deformação que consideram efeitos de tamanho, e modelos de plasticidade cristalina que incorporam mecanismos de deformação em nível de grão.

Base da Ciência dos Materiais

O comportamento do blanking relaciona-se diretamente à estrutura cristalina, com metais cúbicos de corpo centrado (BCC) e cúbicos de face centrada (FCC) exibindo características de cisalhamento diferentes. Metais BCC como aços de baixo carbono geralmente mostram zonas de cisalhamento mais pronunciadas do que metais FCC como o alumínio.

Os limites de grão influenciam significativamente o processo de blanking, atuando como barreiras ao movimento de deslocalizações. Eles podem tanto fortalecer o material (efeito Hall-Petch) quanto servir como locais de iniciação de fratura, dependendo de seu caráter e distribuição.

Os princípios fundamentais da ciência dos materiais que governam o blanking incluem endurecimento por deformação, sensibilidade à taxa de deformação e mecanismos de fratura dúctil. Esses princípios explicam por que materiais com diferentes microestruturas exibem características de blanking variadas, mesmo com composições químicas idênticas.

Expressão Matemática e Métodos de Cálculo

Fórmula de Definição Básica

A equação fundamental para calcular a força de blanking é:

$$F = L \times t \times \tau_s$$

Onde:
- $F$ = força de blanking (N)
- $L$ = comprimento do perímetro do blank (mm)
- $t$ = espessura do material (mm)
- $\tau_s$ = resistência ao cisalhamento do material (MPa)

Fórmulas de Cálculo Relacionadas

A resistência ao cisalhamento pode ser aproximada a partir da resistência à tração usando:

$$\tau_s = 0.8 \times \sigma_{UTS}$$

Onde:
- $\tau_s$ = resistência ao cisalhamento (MPa)
- $\sigma_{UTS}$ = resistência à tração última (MPa)

A folga entre a punção e a matriz pode ser calculada como:

$$c = k \times t \times \sqrt{\frac{\tau_s}{100}}$$

Onde:
- $c$ = folga por lado (mm)
- $k$ = fator do material (tipicamente 0.005-0.035)
- $t$ = espessura do material (mm)
- $\tau_s$ = resistência ao cisalhamento (MPa)

Essas fórmulas são aplicadas no design de matrizes, seleção de prensas e otimização de parâmetros de processo para operações industriais de blanking.

Condições e Limitações Aplicáveis

Essas fórmulas assumem materiais homogêneos e isotrópicos com espessura uniforme e propriedades mecânicas consistentes. Elas se tornam menos precisas para materiais anisotrópicos ou aqueles com variações significativas de espessura.

Os modelos têm condições de contorno relacionadas às razões de espessura do material para diâmetro, com a maioria sendo válidas para razões entre 0.3 e 3.0. Além desses limites, fatores adicionais devem ser considerados.

Esses cálculos assumem condições de temperatura ambiente e taxas de carregamento quase estáticas. Para blanking em alta velocidade ou operações em temperaturas elevadas, a sensibilidade à taxa de deformação e os efeitos de amolecimento térmico devem ser incorporados.

Métodos de Medição e Caracterização

Especificações de Teste Padrão

ASTM E643: Método de Teste Padrão para Deformação por Punção de Bola de Material Metálico, cobrindo a avaliação das características de blanking através de testes simulados de punção.

ISO 12004: Materiais Metálicos - Chapa e Fita - Determinação de Curvas de Limite de Conformação, fornecendo métodos para avaliar a conformabilidade do material relevante para operações de blanking.

DIN 50606: Teste de Materiais Metálicos - Teste de Cisalhamento, detalhando procedimentos para medir propriedades de cisalhamento críticas para o desempenho do blanking.

JISZ2241: Método de Teste de Cisalhamento para Materiais Metálicos, especificando normas japonesas para testes de cisalhamento aplicáveis à avaliação do processo de blanking.

Equipamentos e Princípios de Teste

Máquinas de teste universais equipadas com dispositivos de cisalhamento especializados são comumente usadas para medir as propriedades de cisalhamento do material. Essas máquinas aplicam deslocamento controlado enquanto medem a resposta de força.

Microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura (SEM) são empregadas para examinar a qualidade da borda cortada e medir as zonas distintas criadas durante o blanking. Essas técnicas operam com base nos princípios de reflexão da luz e interação de elétrons com superfícies.

Câmeras de alta velocidade acopladas a sistemas de correlação de imagem digital permitem a observação em tempo real dos processos de deformação e fratura durante o blanking, com base no princípio de rastreamento de padrões de superfície durante a deformação.

Requisitos de Amostra

Os espécimes padrão geralmente incluem amostras de chapa retangulares com dimensões de 100mm × 100mm, embora os tamanhos variem com base no método de teste específico e na espessura do material.

Os requisitos de preparação da superfície incluem desengorduramento, remoção de camadas de escala ou óxido e, às vezes, polimento

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