Viragem de Barras: Processo de Usinagem de Precisão para Fabricação de Componentes em Aço
Compartilhar
Table Of Content
Table Of Content
Definição e Conceito Básico
A usinagem de barras é um processo de usinagem no qual uma ferramenta de corte remove material de uma peça de trabalho cilíndrica rotativa para criar uma peça com características principalmente cilíndricas. Este processo de remoção de metal é fundamental para a produção de componentes de precisão na indústria do aço, permitindo a criação de peças com dimensões precisas, acabamentos de superfície lisos e características geométricas complexas.
A usinagem de barras representa um dos métodos de fabricação mais amplamente utilizados na metalurgia, servindo como a base para a produção de eixos, pinos, parafusos e numerosos outros componentes cilíndricos essenciais para aplicações industriais. Dentro do campo mais amplo da metalurgia, a usinagem de barras está na interseção da ciência dos materiais e da tecnologia de fabricação, onde a usinabilidade do aço influencia diretamente a eficiência da produção, a vida útil da ferramenta e a qualidade final do componente.
Natureza Física e Fundamento Teórico
Mecanismo Físico
No nível microestrutural, a usinagem de barras envolve mecanismos de deformação plástica e fratura à medida que a ferramenta de corte interage com a peça de trabalho de aço. O processo cria uma zona de cisalhamento à frente da aresta de corte onde ocorre uma intensa deformação localizada, fazendo com que o material flua plasticamente ao longo do plano de cisalhamento antes de se separar como uma lasca.
Esse processo de deformação é influenciado pela estrutura cristalina do aço, com estruturas cúbicas de corpo centrado (BCC) e cúbicas de face centrada (FCC) exibindo respostas diferentes às forças de corte. O movimento de deslizamento dentro da rede cristalina, particularmente nas fronteiras dos grãos, determina como o material se deforma e se separa durante a operação de usinagem.
Modelos Teóricos
O modelo de força do círculo de Merchant representa a principal estrutura teórica para entender a mecânica da usinagem de barras. Este modelo, desenvolvido por Eugene Merchant na década de 1940, fornece uma análise de corte ortogonal bidimensional que relaciona forças de corte, geometria da ferramenta e propriedades do material.
A compreensão histórica dos processos de usinagem evoluiu do conhecimento empírico de chão de fábrica para a análise científica, começando com a pesquisa de Time no final do século 19. As abordagens modernas incluem modelagem por elementos finitos (FEM) que podem simular o complexo processo de corte tridimensional, levando em conta os efeitos térmicos e o comportamento do material sob altas taxas de deformação.
Abordagens teóricas alternativas incluem a teoria do campo de linha de deslizamento para deformação plástica e o modelo de material de Johnson-Cook que considera a sensibilidade à taxa de deformação e o amolecimento térmico durante operações de usinagem em alta velocidade.
Base da Ciência dos Materiais
O desempenho da usinagem de barras está diretamente relacionado à estrutura cristalina do aço, com o tamanho e a orientação dos grãos afetando significativamente as forças de corte e a qualidade do acabamento da superfície. Aços de grão fino geralmente produzem acabamentos de superfície melhores, mas podem aumentar o desgaste da ferramenta devido à maior dureza.
A microestrutura do aço—seja ferrítica, perlítica, martensítica ou austenítica—influencia dramaticamente sua usinabilidade durante as operações de usinagem. Por exemplo, aços de corte livre contêm aditivos como enxofre que formam inclusões de sulfeto de manganês, que atuam como concentradores de tensão para promover a quebra da lasca.
O princípio fundamental da ciência dos materiais da endurecimento por deformação desempenha um papel crucial na usinagem de barras, uma vez que a severa deformação plástica à frente da aresta de corte aumenta a dureza do material, potencialmente afetando cortes subsequentes e a integridade da superfície.
Expressão Matemática e Métodos de Cálculo
Fórmula de Definição Básica
A taxa de remoção de material (MRR) na usinagem de barras é definida por:
$$MRR = \pi \times D \times f \times v_c$$
Onde:
- $D$ é o diâmetro da peça de trabalho (mm)
- $f$ é a taxa de avanço (mm/rev)
- $v_c$ é a velocidade de corte (m/min)
Fórmulas de Cálculo Relacionadas
A força de corte na usinagem pode ser estimada usando:
$$F_c = k_c \times A_c$$
Onde:
- $F_c$ é a força de corte (N)
- $k_c$ é a força de corte específica (N/mm²)
- $A_c$ é a área da seção transversal da lasca (mm²), calculada como $A_c = f \times a_p$
- $a_p$ é a profundidade de corte (mm)
A rugosidade da superfície pode ser prevista teoricamente por:
$$R_a = \frac{f^2}{32 \times r_\varepsilon}$$
Onde:
- $R_a$ é a rugosidade média aritmética (μm)
- $f$ é a taxa de avanço (mm/rev)
- $r_\varepsilon$ é o raio da ponta da ferramenta (mm)
Condições e Limitações Aplicáveis
Essas fórmulas assumem condições de corte em estado estacionário sem desgaste significativo da ferramenta ou vibração. Elas são mais precisas para operações de usinagem contínuas com configurações rígidas e materiais de peça de trabalho homogêneos.
A fórmula de rugosidade da superfície é limitada a condições geométricas ideais e não leva em conta o fluxo lateral do material, a formação de borda acumulada ou vibrações da máquina. Em taxas de avanço muito baixas, a rugosidade real pode desviar significativamente das previsões teóricas.
Esses modelos assumem condições de corte ortogonais e podem exigir modificação para cenários de corte oblíquo ou ao usinar aços liga difíceis de usinar, onde os efeitos térmicos se tornam dominantes.
Métodos de Medição e Caracterização
Especificações de Teste Padrão
ASTM E3 cobre a preparação padrão de espécimes metalográficos, essencial para examinar a microestrutura após operações de usinagem.
ISO 3685 especifica testes de vida útil para ferramentas de usinagem de ponto único, fornecendo métodos padronizados para avaliar o desempenho da ferramenta durante a usinagem de barras.
ASTM B946 detalha métodos para determinar a usinabilidade dos materiais, incluindo procedimentos relevantes para operações de usinagem de barras.
ISO 4287/4288 padroniza parâmetros e procedimentos de medição da rugosidade da superfície, críticos para avaliar a qualidade da superfície usinada.
Equipamentos e Princípios de Teste
Dinamômetros são comumente usados para medir forças de corte durante operações de usinagem, geralmente empregando sensores piezoelétricos para detectar forças em três direções ortogonais.
Testadores de rugosidade da superfície utilizam perfilometria de estilete, onde um estilete com ponta de diamante percorre a superfície usinada para criar um perfil de altura que é então processado para calcular parâmetros de rugosidade.
Equipamentos avançados incluem câmeras de alta velocidade para análise da formação de lascas e sistemas de termografia infravermelha para medir distribuições de temperatura na zona de corte.
Requisitos de Amostra
Barras de teste padrão para testes de usinabilidade geralmente variam de 25mm a 100mm de diâmetro, com comprimentos suficientes para garantir condições de corte estáveis (geralmente 3-5 vezes o diâmetro).
Os requisitos de preparação da superfície incluem limpeza com solventes apropriados para remover resíduos de refrigerante e contaminantes antes da medição, sem alterar as características da superfície usinada.
Espécimes metalográficos requerem seccionamento cuidadoso perpendicular à superfície usinada, seguido de montagem, desbaste, polimento e ataque para revelar a microestrutura afetada.
Parâmetros de Teste
Os testes padrão geralmente ocorrem em temperatura ambiente (20-25°C) com umidade controlada para garantir resultados consistentes, embora testes especializados possam avaliar o desempenho em temperaturas elevadas.
As velocidades de corte para testes variam de 60-300 m/min para aços carbono, com taxas de avanço entre 0.05-0.5 mm/re