40Cr vs 42CrMo – Composição, Tratamento Térmico, Propriedades e Aplicações

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Introdução

40Cr e 42CrMo são dois aços de carbono médio amplamente utilizados em aplicações de engenharia onde um equilíbrio entre resistência, tenacidade e custo é necessário. Engenheiros e equipes de compras comumente escolhem entre eles para eixos, engrenagens, forjados e peças de máquinas com alta tensão; a decisão de seleção geralmente equilibra a resistência e tenacidade alcançáveis (e a temperabilidade do tamanho da seção) em relação ao custo do material e ao processamento subsequente (soldagem, tratamento térmico, usinagem).

A principal distinção metalúrgica é que 42CrMo contém molibdênio como uma adição de liga deliberada, enquanto 40Cr é principalmente um aço de carbono médio com teor de cromo sem Mo intencional. Essa diferença aumenta a temperabilidade e a resistência ao revenido do 42CrMo, influenciando os limites de espessura da seção para têmpera e revenido, tenacidade em níveis de resistência equivalentes e requisitos de soldagem/tratamento térmico. Esses dois graus são, portanto, frequentemente comparados quando um projeto precisa de melhor endurecimento total ou desempenho de fadiga/tenacidade mais alto sem recorrer a aços de liga mais caros.

1. Normas e Designações

  • GB/T (China): 40Cr, 42CrMo (designações nacionais comuns).
  • EN (Europa): 42CrMo4 é o equivalente EN comum ao 42CrMo (frequentemente especificado como 1.7225); 40Cr tem equivalentes aproximados na EN e às vezes é tratado como semelhante a aços de cromo de carbono médio no sistema EN.
  • AISI/SAE (EUA): equivalentes aproximados — 40Cr ≈ SAE 5140; 42CrMo ≈ SAE 4140 (abreviação comumente usada na indústria).
  • JIS (Japão): 42CrMo é comumente comparado ao SCM440; 40Cr mapeia para aços de cromo de carbono médio SCr/SCM semelhantes.

Classificação:
- 40Cr — aço de cromo de carbono médio (aço de carbono ligado).
- 42CrMo — aço de cromo-molibdênio de carbono médio (aço de baixa liga com maior temperabilidade).

(Notas: a equivalência entre normas nacionais é aproximada — sempre verifique os limites químicos e mecânicos de especificação para aquisição e inspeção.)

2. Composição Química e Estratégia de Liga

Faixas de composição típicas (peso %) para graus comerciais comumente fornecidos. Os valores são faixas típicas representativas de especificações industriais; verifique os certificados específicos do moinho para composição exata.

Elemento 40Cr (faixa típica) 42CrMo (faixa típica)
C 0.37–0.44 0.38–0.45
Mn 0.50–0.80 0.60–0.90
Si 0.17–0.37 0.10–0.40
P ≤0.035 ≤0.035
S ≤0.035 ≤0.035
Cr 0.80–1.10 0.90–1.30
Ni — (traço) — (traço)
Mo — (traço) 0.15–0.30
V, Nb, Ti, B, N tipicamente não intencionais em graus padrão; presentes apenas como resíduos ou em variantes microaleadas tipicamente não intencionais em graus padrão; presentes apenas como resíduos ou em variantes microaleadas

Como a liga afeta as propriedades: - Carbono (C): elemento primário de endurecimento; maior C aumenta a dureza e resistência alcançáveis, mas reduz a soldabilidade e ductilidade. - Cromo (Cr): melhora a temperabilidade, resistência, resistência ao desgaste e resistência ao revenido. - Manganês (Mn) e Silício (Si): desoxidantes e fortalecedores; Mn também aumenta a temperabilidade. - Molibdênio (Mo): aumenta significativamente a temperabilidade e resistência ao revenido, melhora a resistência e tenacidade em altas temperaturas e ajuda a reduzir a sensibilidade à têmpera. A adição de Mo em 42CrMo é a razão chave pela qual ele endurece mais profundamente e tende a reter a tenacidade após o revenido em comparação com 40Cr.

3. Microestrutura e Resposta ao Tratamento Térmico

Microestruturas típicas: - Na condição como laminado ou normalizado, ambos os aços apresentam microestruturas de ferrita + perlita; o tamanho do grão de austenita anterior e a taxa de resfriamento determinam o espaçamento da perlita e a resistência. - Após a têmpera (a partir da austenitização) e o revenido, ambos os aços normalmente formam martensita revenida; a temperatura e o tempo de revenido determinam a dureza, resistência e tenacidade finais.

Comportamento do tratamento térmico: - Normalização: refina o tamanho do grão e produz ferrita/perlita homogênea; benéfico antes da forja ou usinagem. - Têmpera & revenido (Q&T): ambos os graus respondem bem; 42CrMo alcança maior temperabilidade, o que significa que seções mais grossas podem ser totalmente martensíticas após a têmpera em comparação com 40Cr na mesma severidade de resfriamento. - Processamento termo-mecânico: ambos podem ser forjados a quente e posteriormente normalizados/têmpera e revenidos para obter as propriedades desejadas. A presença de Mo em 42CrMo aumenta a resistência ao amolecimento por revenido e melhora a tenacidade em temperaturas de revenido elevadas.

Consequência prática: para seções transversais grandes ou componentes que exigem alta resistência/tenacidade do núcleo, 42CrMo proporciona um endurecimento total mais consistente e evita núcleos macios que podem ocorrer com 40Cr, a menos que sejam utilizados processos de têmpera ou liga especializados.

4. Propriedades Mecânicas

As propriedades mecânicas dependem fortemente do tratamento térmico, tamanho da seção e revenido. Os valores abaixo são faixas típicas para condições de têmpera e revenido comumente usadas na prática de engenharia — trate-os como exemplos representativos.

Propriedade (Q&T típica) 40Cr (faixa representativa) 42CrMo (faixa representativa)
Resistência à tração (MPa) 700–1000 900–1150
Resistência ao escoamento (MPa) 500–800 700–1000
Alongamento (%L0) 10–18 10–15
Tenacidade ao impacto (Charpy V, J) 20–60 (depende do revenido & seção) 30–80 (geralmente maior tenacidade em dureza comparável)
Dureza (HRC ou HB) HRC ~20–50 (HB ~180–520 dependendo da condição) HRC ~22–55 (HB ~200–560 dependendo da condição)

Interpretação: - 42CrMo normalmente atinge maiores resistências à tração e ao escoamento após Q&T para os mesmos parâmetros de tratamento térmico, e mantém melhor tenacidade em dureza equivalente porque o Mo melhora a temperabilidade e resistência ao revenido. - 40Cr pode ser revenido para dureza comparável em seções finas, mas mostrará endurecimento total reduzido e possivelmente menor tenacidade do núcleo em seções transversais grandes. - Ductilidade (alongamento) é comparável em níveis de revenido semelhantes; no entanto, para uma dada resistência nominal, 42CrMo frequentemente permite uma combinação mais tenaz.

5. Soldabilidade

A soldabilidade é governada pelo teor de carbono, carbono equivalente e temperabilidade. Use índices empíricos para avaliar as necessidades de pré-aquecimento e tratamento térmico pós-soldagem.

Fórmulas comuns de soldabilidade (uso qualitativo): $$CE_{IIW} = C + \frac{Mn}{6} + \frac{Cr+Mo+V}{5} + \frac{Ni+Cu}{15}$$ $$P_{cm} = C + \frac{Si}{30} + \frac{Mn+Cu}{20} + \frac{Cr+Mo+V}{10} + \frac{Ni}{40} + \frac{Nb}{50} + \frac{Ti}{30} + \frac{B}{1000}$$

Interpretação: - Ambos os graus têm carbono médio e liga moderada, portanto nenhum é altamente soldável sem controles. A presença de Mo em 42CrMo eleva os índices $CE_{IIW}$ e $P_{cm}$ em relação ao 40Cr, indicando maior suscetibilidade a HAZ martensítica dura e quebradiça e um maior risco de trincas a frio induzidas por hidrogênio se os controles de soldagem não forem aplicados. - Orientação prática para soldagem: pré-aquecer para reduzir a taxa de resfriamento, controlar a entrada de calor, usar consumíveis de baixo hidrogênio e realizar tratamento térmico pós-soldagem (PWHT, alívio de tensões ou revenido) em espessuras maiores ou quando a retenção de propriedades mecânicas é crítica. 42CrMo normalmente requer práticas de pré-aquecimento/PWHT mais cuidadosas do que 40Cr para espessuras comparáveis devido à maior temperabilidade.

6. Corrosão e Proteção de Superfície

  • Nenhum dos dois, 40Cr ou 42CrMo, é inoxidável; ambos são suscetíveis à corrosão geral e localizada em ambientes agressivos. Estratégias de proteção padrão se aplicam: pintura, lubrificação, galvanização, galvanização (onde apropriado) ou revestimentos de conversão.
  • Para ambientes que exigem resistência elevada à corrosão ou resistência a picadas, famílias inoxidáveis devem ser consideradas — PREN (número equivalente de resistência a picadas) não é aplicável a 40Cr/42CrMo. Exemplo de fórmula PREN para ligas inoxidáveis: $$\text{PREN} = \text{Cr} + 3.3 \times \text{Mo} + 16 \times \text{N}$$
  • Ao especificar tratamentos de superfície para 42CrMo, considere que o molibdênio pode influenciar a adesão do revestimento e o comportamento do revestimento de conversão; a limpeza da superfície e o pré-tratamento são importantes antes da galvanização ou pintura.

7. Fabricação, Usinabilidade e Formabilidade

  • Usinabilidade: na condição recozida ou normalizada, ambos os graus usinam razoavelmente bem. 40Cr frequentemente usina um pouco mais facilmente devido à ligeiramente menor temperabilidade e menor resistência ao revenido. 42CrMo em condições de maior resistência (Q&T) é mais duro e tenaz, levando a um aumento do desgaste das ferramentas e usinagem mais desafiadora.
  • Formabilidade e conformação a frio: como recebido (recozido/normalizado), ambos podem ser moldados e dobrados, mas maior teor de carbono e liga limitam a conformação profunda e a conformação a frio severa em comparação com aços de baixo carbono. O pré-aquecimento para dobrar seções mais grossas é às vezes recomendado.
  • Desbaste e acabamento: quando endurecidos, ambos requerem práticas de desbaste de alta qualidade; 42CrMo pode exigir abrasivos mais agressivos devido à maior tenacidade e dureza.

8. Aplicações Típicas

40Cr — Usos Típicos 42CrMo — Usos Típicos
Eixos automotivos, parafusos, engrenagens (seções moderadas), acoplamentos, virabrequins (onde apropriado), forjados gerais Eixos de alta resistência, engrenagens pesadas, componentes hidráulicos, fixadores de alta tensão, forjados de grande seção, equipamentos de campo de petróleo, componentes de máquinas pesadas
Peças de máquinas onde o controle de custo é importante e os tamanhos das seções são moderados Componentes que requerem endurecimento profundo, maior resistência à fadiga e melhor tenacidade em dureza comparável

Racional de seleção: - Escolha 40Cr para peças sensíveis a custo onde as seções são moderadas e Q&T mais tratamento de superfície atendem às metas de desempenho. - Escolha 42CrMo quando as peças tiverem seções transversais maiores, exigirem maior resistência do núcleo ou vida útil de fadiga, ou onde tenacidade superior em resistência elevada é crítica.

9. Custo e Disponibilidade

  • Custo: 42CrMo é tipicamente mais caro que 40Cr devido à adição de molibdênio e processamento para química de Mo consistente. A diferença de custo varia com os preços de mercado para Mo e produção de aço.
  • Disponibilidade: ambos os graus estão amplamente disponíveis em formas de barra, chapa, forjados e formas de trefilação a frio de grandes usinas de aço e distribuidores. 42CrMo pode ser mais comumente especificado na Europa sob designações EN (42CrMo4), enquanto 40Cr é comum em regiões que usam designações GB/AISI.
  • Prazos de entrega: comparáveis para tamanhos de estoque padrão; variantes químicas especiais ou tolerâncias químicas rigorosas podem aumentar os prazos de entrega.

10. Resumo e Recomendação

Tabela de resumo (qualitativa):

Atributo 40Cr 42CrMo
Soldabilidade Melhor (mas ainda requer controles para níveis de C) Mais exigente (maior risco de pré-aquecimento/PWHT)
Equilíbrio Resistência–Tenacidade Bom para seções moderadas Superior para endurecimento total e tenacidade em alta resistência
Custo Menor Maior

Conclusões: - Escolha 40Cr se: - Você precisa de um aço de cromo de carbono médio custo-efetivo para peças de seção transversal moderada. - As seções dos componentes são pequenas a moderadas e o endurecimento total não é necessário. - Os orçamentos para soldagem, usinagem e tratamento térmico são limitados e você pode aceitar uma temperabilidade modesta.

  • Escolha 42CrMo se:
  • O componente requer endurecimento profundo (grande seção transversal) ou maior resistência à fadiga/tenacidade para uma dada resistência.
  • Endurecimento total, melhor resistência ao revenido e tenacidade melhorada em alta resistência são prioridades de projeto.
  • Você está preparado para aplicar procedimentos de soldagem mais rigorosos, pré-aquecer e PWHT conforme necessário e aceitar um custo de material mais alto.

Nota prática final: sempre especifique a condição de tratamento térmico necessária, as metas de propriedades mecânicas e qualquer NDT ou mapeamento de dureza necessário para aceitação. Quando em dúvida para componentes rotativos críticos ou sensíveis à fadiga, realize testes de tamanho de seção ou consulte o moinho para dados de dureza vs. profundidade para o meio de têmpera proposto; para soldagem, calcule equivalentes de carbono e siga procedimentos de soldagem qualificados que incluam recomendações de pré-aquecimento e PWHT.

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