Soldagem com Eletrodo Revestido: Princípios, Técnicas e Aplicações de Junção de Aço
Compartilhar
Table Of Content
Table Of Content
Definição e Conceito Básico
Um Eletrodo Coberto é um eletrodo de soldagem consumível envolto em um revestimento protetor ou cobertura de fluxo, usado principalmente na soldagem por arco metálico protegido (SMAW). Esta técnica envolve a criação de um arco elétrico entre o eletrodo e a peça de trabalho, com a cobertura de fluxo desempenhando múltiplas funções, como proteger o pool de solda fundido da contaminação atmosférica, estabilizar o arco e contribuir para a composição química do metal de solda.
Fundamentalmente, o processo opera através de uma corrente elétrica—seja corrente contínua (DC) ou corrente alternada (AC)—que derrete a ponta do eletrodo e o material base, formando uma junta de solda. A cobertura de fluxo se decompõe durante a soldagem, liberando gases e escória que protegem o metal fundido da oxidação e contaminação. A base metalúrgica envolve a transferência de metal fundido do eletrodo para a junta, com o fluxo influenciando a microestrutura e as propriedades da solda.
Dentro da classificação mais ampla dos métodos de união de aço, a soldagem com eletrodo coberto é categorizada como um processo de soldagem por arco manual. É caracterizada por sua simplicidade, portabilidade e versatilidade, especialmente adequada para reparos em campo, construção e aplicações de manutenção. Comparado a outros métodos, como soldagem por arco de gás metálico (GMAW) ou soldagem a gás inerte de tungstênio (TIG), requer equipamentos menos sofisticados, mas demanda operadores qualificados para resultados ótimos.
Fundamentos do Processo e Mecanismos
Princípio de Funcionamento
O mecanismo físico central envolve o estabelecimento de um arco elétrico entre o eletrodo revestido e a peça de trabalho. Quando a ponta do eletrodo entra em contato ou está próxima ao metal base, uma corrente elétrica passa, gerando calor intenso localizado—tipicamente na faixa de 3.000 a 6.000°C. Esse calor derrete a ponta do eletrodo e o material base adjacente, formando um pool de solda fundido.
A cobertura de fluxo desempenha um papel crítico ao se decompor sob alta temperatura, liberando gases de proteção, como dióxido de carbono, monóxido de carbono ou gases inertes, que envolvem o pool fundido. Este escudo gasoso impede que gases atmosféricos, como oxigênio e nitrogênio, reagem com o metal fundido, reduzindo assim a porosidade e a oxidação.
A distribuição de calor é influenciada pelo comprimento do arco, intensidade da corrente e composição do eletrodo. O processo permite derretimento e solidificação controlados, possibilitando a ligação metalúrgica na interface. A composição do eletrodo, incluindo elementos de liga, determina as propriedades químicas e mecânicas da solda.
Dinamismo da Formação da Junta
No nível microestrutural, a junta se forma através do derretimento e subsequente solidificação do núcleo do eletrodo e do material base. À medida que o metal fundido esfria, ele passa por padrões de solidificação ditados por gradientes térmicos e composição da liga. A zona de fusão resultante exibe uma microestrutura composta por fases dendríticas ou granulares, dependendo das taxas de resfriamento e elementos de liga.
O mecanismo de ligação metalúrgica envolve a fusão metalúrgica do metal do eletrodo com o material base, criando uma junta contínua e metalurgicamente sólida. A escória do fluxo, que se solidifica sobre a solda, atua como uma camada protetora e influencia a microestrutura ao controlar as taxas de resfriamento e os níveis de impurezas.
Termodinamicamente, o processo busca minimizar a energia livre do sistema, favorecendo a formação de fases estáveis. Cineticamente, o resfriamento rápido pode levar a microestruturas mais finas, aumentando a resistência e tenacidade, enquanto o resfriamento mais lento pode promover grãos mais grossos. Os parâmetros do processo são otimizados para equilibrar esses fatores para as propriedades mecânicas desejadas.
Variantes do Processo
As principais variantes da soldagem com eletrodo coberto incluem:
- Eletrodos de Baixo Hidrogênio (E7018, E7016): Projetados para minimizar a fissuração induzida por hidrogênio, adequados para aços de alta resistência.
- Eletrodos de Rutile (E6013): Caracterizados por um fluxo à base de rutilo, oferecendo arco suave e fácil remoção de escória, ideal para soldagem de uso geral.
- Eletrodos Celulósicos (E6010): Contêm celulose no fluxo, produzindo um arco vigoroso e penetração profunda, frequentemente usados em soldagem de tubulações.
- Eletrodos de Pó de Ferro: Incorporam pós metálicos no fluxo para aumentar as taxas de deposição e melhorar as propriedades do metal de solda.
A evolução tecnológica levou de eletrodos simples, operados manualmente, a eletrodos revestidos com composições de fluxo complexas, permitindo uma melhor estabilidade do arco, qualidade da solda e adequação para sistemas de soldagem automatizados ou semi-automatizados.
Equipamentos e Parâmetros do Processo
Principais Componentes do Equipamento
O equipamento principal inclui:
- Fonte de Energia: Fornece a corrente necessária (AC/DC) com configurações de tensão e corrente ajustáveis.
- Suporte do Eletrodo (Stinger): Isola e segura o eletrodo, permitindo controle preciso do comprimento do arco.
- Grampo de Terra: Completa o circuito elétrico ao se conectar à peça de trabalho.
- Eletrodos: Barras consumíveis com revestimento de fluxo, selecionadas com base no material e na aplicação.
- Equipamento de Proteção: Capacetes, luvas e roupas de proteção para garantir a segurança do operador.
Sistemas modernos podem incorporar alimentadores automatizados, braços robóticos ou posicionadores mecanizados para aumentar a produtividade e consistência.
Fontes de Energia e Sistemas de Entrega
O processo geralmente emprega transformadores ou fontes de energia baseadas em inversores capazes de fornecer corrente constante e ajustável. A faixa de tensão é geralmente entre 20-40 volts, com configurações de corrente de 50 a 300 amperes, dependendo do tamanho do eletrodo e dos requisitos da junta.
Mecanismos de controle incluem reostatos, controles digitais ou controladores lógicos programáveis (PLCs) para regular corrente, tensão e comprimento do arco. Recursos de segurança, como proteção contra sobrecarga, detecção de curto-circuito e desligamento de emergência, são integrais.
Sistemas de proteção envolvem dispositivos de sopro de arco, aterramento adequado e ventilação para gerenciar fumos e gases. Garantir uma entrega de energia estável minimiza flutuações do arco, levando a uma qualidade de solda uniforme.
Parâmetros Críticos do Processo
Os principais parâmetros controláveis incluem:
- Corrente (Amperagem): Influencia a profundidade de penetração, forma do cordão e entrada de calor. As faixas típicas são de 80-200 A para eletrodos comuns.
- Tensão: Afeta a estabilidade do arco; geralmente mantida entre 20-30 V.
- Ângulo do Eletrodo: Geralmente entre 15° a 45°, afetando a penetração da solda e o perfil do cordão.
- Velocidade de Viagem: Velocidades mais rápidas produzem soldas mais estreitas e profundas; velocidades mais lentas resultam em cordões mais largos e planos.
- Comprimento do Arco: Mantido dentro de uma faixa específica para garantir um arco estável e qualidade de solda consistente.
- Diâmetro do Eletrodo: Varia de 2,5 mm a 5 mm, dependendo do tamanho da junta e da taxa de deposição necessária.
A otimização envolve equilibrar esses parâmetros para alcançar as propriedades mecânicas desejadas, minimizar defeitos e garantir uma deposição eficiente.
Consumíveis e Materiais Auxiliares
O principal consumível é o eletrodo revestido, classificado de acordo com normas como AWS A5.1 ou ISO 2560. Os critérios de seleção incluem compatibilidade de material, requisitos de propriedades mecânicas e condições