Ladle na Siderurgia: Equipamento Chave e Seu Papel na Refinação do Aço
Compartilhar
Table Of Content
Table Of Content
Definição e Conceito Básico
Uma concha é um grande recipiente revestido de material refratário usado na fabricação de aço e no processamento de metais primários para transportar, armazenar e refinar metal fundido, principalmente aço e ferro. Ela serve como um recipiente intermediário que facilita a transferência de metal fundido do forno primário (como um conversor ou forno de arco elétrico) para unidades de processamento secundário, como máquinas de fundição ou moldes de fundição contínua.
Na cadeia geral de produção de aço, a concha desempenha um papel crucial no tratamento metalúrgico, ajuste de temperatura, ligações e remoção de inclusões. Ela está posicionada após a fase de fusão primária e antes da fundição, atuando como um elo crítico que garante a qualidade e a consistência do metal fundido antes da solidificação.
O propósito fundamental da concha é manter o metal fundido em um ambiente controlado, permitindo um gerenciamento preciso da temperatura, ajustes químicos e controle de inclusões. Ela também possibilita o manuseio e transporte eficientes dentro da usina de aço, apoiando operações de processamento contínuo e em lote.
Design Técnico e Operação
Tecnologia Central
Os princípios de engenharia por trás do design da concha focam em isolamento térmico, revestimento refratário e fluxo de material controlado. O objetivo principal é minimizar a perda de calor, prevenir contaminação e facilitar processos metalúrgicos.
Os principais componentes tecnológicos incluem o revestimento refratário, que suporta altas temperaturas e ataque químico; a carcaça, tipicamente feita de aço ou liga, que proporciona integridade estrutural; e sistemas auxiliares, como mecanismos de inclinação, coberturas de concha e dispositivos de remoção de escória.
A concha opera através de mecanismos como inclinação para despejo, agitação para ligações e remoção de inclusões, e medição de temperatura via sensores embutidos. O metal fundido flui para a concha do forno através de um orifício de escoamento ou sistema de escoamento inferior, e sai para unidades de fundição ou refino secundário via despejo controlado.
Parâmetros do Processo
As variáveis críticas do processo incluem temperatura, composição química, espessura da escória e taxa de fluxo. As conchas de aço típicas operam em temperaturas entre 1.600°C e 1.650°C, com controle de temperatura dentro de ±10°C para garantir a estabilidade do processo.
Ajustes na composição química envolvem a adição de ligas ou agentes desulfurantes, com dosagem precisa baseada em análises em tempo real. A espessura da escória é mantida para proteger o revestimento refratário e facilitar a remoção de impurezas, geralmente em torno de 50-150 mm.
As taxas de fluxo durante o despejo são otimizadas para prevenir turbulência e oxidação, geralmente variando de 0,5 a 2 m/s. Sistemas de controle empregam termopares, espectrômetros e válvulas automatizadas para monitorar e regular esses parâmetros continuamente.
Configuração do Equipamento
Uma concha típica consiste em uma carcaça de aço revestida com tijolos refratários ou materiais fundidos, com dimensões variando de pequena (capacidade de 10-20 toneladas) a grande (até 400 toneladas). Conchas modernas apresentam um mecanismo de inclinação acionado por atuadores hidráulicos ou elétricos, permitindo despejo controlado.
As variações de design incluem conchas torpedo, conchas a vácuo e conchas tundish, cada uma adaptada para processos ou requisitos de produtos específicos. Com o tempo, inovações introduziram carcaças resfriadas a água, sistemas de agitação eletromagnética e materiais refratários avançados para melhorar a vida útil e o desempenho.
Sistemas auxiliares incluem dispositivos de aquecimento de concha (como queimadores elétricos ou a gás), removedores de escória, sistemas de injeção de argônio ou oxigênio para agitação, e sistemas de cobertura para reduzir a perda de calor e oxidação.
Química do Processo e Metalurgia
Reações Químicas
Durante o tratamento da concha, as reações primárias envolvem desulfurização, desfosforização e modificação de inclusões. Por exemplo, adições de carbeto de cálcio ou magnésio reagem com enxofre e oxigênio para formar compostos estáveis, removendo impurezas do aço.
A termodinâmica governa essas reações, com considerações de equilíbrio determinando a extensão da remoção de impurezas. A cinética influencia a rapidez com que as reações ocorrem, afetadas por temperatura, agitação e química da escória.
Os produtos de reação incluem óxidos, sulfetos e inclusões complexas que são removidas via escória ou incorporadas na matriz do aço. Subprodutos como gases CO e CO₂ são gerados durante os processos de descarbonização e desulfurização.
Transformações Metalúrgicas
As principais mudanças metalúrgicas envolvem modificações microestruturais, como refino de grãos, forma e distribuição de inclusões, e transformações de fase. Durante o tratamento da concha, elementos de liga se dissolvem e se homogeneizam, levando a uma composição uniforme.
A modificação de inclusões ocorre através da adição de cálcio ou magnésio, transformando inclusões de óxido irregulares em partículas esféricas e não deformáveis que melhoram a limpeza do aço. Ajustes de temperatura influenciam a estabilidade de fase, afetando propriedades como dureza e ductilidade.
Desenvolvimentos microestruturais incluem a formação de ferrita, perlita, bainita ou martensita, dependendo das taxas de resfriamento e da liga. O controle adequado durante o tratamento da concha garante as propriedades mecânicas desejadas e a soldabilidade.
Interações de Materiais
Interações entre aço fundido, escória, revestimento refratário e atmosfera são críticas. O aço fundido pode reagir com materiais refratários, levando à erosão ou contaminação se não for gerenciado adequadamente.
A escória atua como um tampão químico, absorvendo impurezas e protegendo o aço da oxidação. No entanto, escória excessiva ou composição inadequada pode levar à aprisionamento de inclusões ou reoxidação.
Gases atmosféricos como oxigênio e nitrogênio podem causar oxidação ou absorção de nitrogênio, degradando a qualidade do aço. Para controlar essas interações, são utilizados purgadores de gás inerte (por exemplo, argônio) e coberturas protetoras.
O desgaste refratário ocorre devido ao ataque químico e ciclos térmicos. A seleção de materiais refratários de alta qualidade e quimicamente compatíveis e a manutenção de condições operacionais ideais prolongam a vida útil do refratário e reduzem os riscos de contaminação.
Fluxo do Processo e Integração
Materiais de Entrada
Os materiais de entrada incluem aço fundido do forno primário, elementos de liga, desulfurantes e fluxos. As especificações exigem alta pureza, composição química precisa e compatibilidade de temperatura.
O manuseio envolve pré-aquecimento da concha, adição de ligas e gerenciamento de escória. Conchas pré-aquecidas reduzem a perda de calor, enquanto a dosagem precisa de ligas garante a composição alvo.
A qualidade da entrada impacta diretamente a eficiência do processo, a remoção de inclusões e as propriedades do produto final. Variações na pureza ou temperatura da entrada podem causar instabilidade no processo ou defeitos.
Sequência do Processo
A sequência típica começa com a transferência de aço fundido do forno para a concha através de um orifício de escoamento ou sistema de escoamento inferior. A concha é então transportada para a estação de refino.
O refino envolve ajustes de temperatura, ligações, modificação de inclusões e desulfurização, muitas vezes com agitação ou injeção de gás. Após o tratamento, o aço é amostrado e analisado.
Uma vez que a química e a temperatura desejadas são alcançadas, a concha é inclinada para despejar o aço em um tundish ou molde para fundição. Os tempos de ciclo variam de 20 a 60 minutos, dependendo da complexidade do processo e da capacidade.
Pontos de Integração
A concha conecta-se a montante com o forno de fusão primária (BOF, EAF) e a jusante com unidades de fundição contínua ou refino secundário. O fluxo de material é