Aço Laminado a Frio Totalmente Duro: Dureza Máxima para Aplicações Industriais
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Definição e Conceito Básico
Full Hard Cold Rolled refere-se a uma chapa ou fita de aço laminada a frio que foi reduzida à sua espessura final sem tratamento de recozimento subsequente, resultando na máxima dureza e resistência alcançáveis por meio do trabalho a frio. Este material representa a condição de resistência mais alta alcançável apenas pelo processo de laminação a frio, tipicamente com aproximadamente 60-80% de redução na espessura em relação ao material de partida laminado a quente.
O aço Full Hard Cold Rolled é caracterizado por alta resistência ao escoamento e à tração, ductilidade reduzida e dureza aumentada em comparação com variantes recozidas. Ele serve tanto como um produto final para aplicações que requerem alta resistência quanto como um produto intermediário para processamento adicional, como laminação a tempera ou recozimento.
Em termos metalúrgicos, o aço Full Hard Cold Rolled representa um material em máxima endurecimento por trabalho, onde a microestrutura contém grãos altamente deformados com densidade de discordâncias significativa. Esta condição o posiciona na extremidade extrema do espectro resistência-ductilidade dentro dos produtos de aço laminado a frio, tornando-o um parâmetro de referência para entender os mecanismos de endurecimento por deformação na metalurgia ferrosa.
Natureza Física e Fundamento Teórico
Mecanismo Físico
No nível microestrutural, o aço Full Hard Cold Rolled deriva suas propriedades de uma deformação plástica severa durante a laminação a frio. O processo de laminação cria alta densidade de discordâncias dentro da estrutura cristalina, com as discordâncias se entrelaçando e impedindo o movimento adicional de outras discordâncias.
Essa interação de discordâncias cria um efeito de endurecimento conhecido como endurecimento por trabalho ou endurecimento por deformação. A estrutura do grão se torna alongada na direção da laminação, e os grãos equiaxiais originais se transformam em uma estrutura fibrosa. Texturas cristalográficas se desenvolvem à medida que os grãos giram em direção a orientações preferenciais durante a deformação, influenciando ainda mais as propriedades mecânicas.
A severa deformação também introduz tensões residuais em todo o material, que contribuem para a dureza e resistência geral, enquanto reduzem a ductilidade ao limitar a capacidade do material de passar por deformação plástica adicional.
Modelos Teóricos
O principal modelo teórico que descreve o endurecimento por trabalho no aço Full Hard Cold Rolled é a teoria de discordâncias da deformação plástica. Este modelo relaciona o aumento da resistência à densidade de discordâncias através da relação de Taylor: $\tau = \tau_0 + \alpha G b \sqrt{\rho}$, onde τ é a tensão de cisalhamento, τ₀ é a tensão de escoamento inicial, G é o módulo de cisalhamento, b é o vetor de Burgers, ρ é a densidade de discordâncias, e α é uma constante.
Historicamente, a compreensão do endurecimento por trabalho evoluiu de observações empíricas no início do século 20 para teorias sofisticadas baseadas em discordâncias na década de 1950. O trabalho pioneiro de G.I. Taylor estabeleceu a relação entre discordâncias e endurecimento por deformação, enquanto pesquisadores posteriores como Cottrell e Nabarro refinaram esses modelos.
Abordagens modernas incluem modelos de plasticidade cristalina que incorporam evolução de textura e interações grão a grão, e modelos de mecânica contínua que preveem o comportamento macroscópico com base na evolução microestrutural durante a deformação.
Base da Ciência dos Materiais
O aço Full Hard Cold Rolled exibe uma estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (BCC) típica de aços ferríticos, com severa distorção da rede devido ao trabalho a frio. As fronteiras dos grãos tornam-se alongadas e menos distintas, com altas concentrações de discordâncias nessas fronteiras.
A microestrutura mostra anisotropia significativa, com propriedades variando entre as direções de laminação, transversal e normal. Essa dependência direcional resulta do desenvolvimento de orientações cristalográficas preferenciais (textura) durante a laminação.
As mudanças de propriedade no aço Full Hard Cold Rolled exemplificam princípios fundamentais da ciência dos materiais, incluindo endurecimento por trabalho, desenvolvimento de textura e a relação entre processamento, estrutura e propriedades. O material representa um estado fora do equilíbrio com alta energia armazenada, que fornece a força motriz para a recristalização durante quaisquer tratamentos de recozimento subsequentes.
Expressão Matemática e Métodos de Cálculo
Fórmula de Definição Básica
O grau de trabalho a frio no aço Full Hard Cold Rolled é quantificado pela porcentagem de redução a frio:
$\%CR = \frac{t_i - t_f}{t_i} \times 100\%$
Onde:
- $\%CR$ = porcentagem de redução a frio
- $t_i$ = espessura inicial antes da laminação a frio
- $t_f$ = espessura final após a laminação a frio
Para o aço Full Hard Cold Rolled, esse valor geralmente varia de 60% a 80%.
Fórmulas de Cálculo Relacionadas
A relação entre resistência à tração e redução a frio pode ser aproximada por:
$UTS = UTS_0 + K \times (\%CR)^n$
Onde:
- $UTS$ = resistência à tração última após a laminação a frio
- $UTS_0$ = resistência à tração inicial antes da laminação a frio
- $K$ = coeficiente de endurecimento específico do material
- $n$ = expoente de endurecimento por deformação (tipicamente 0.5-0.7 para aços de baixo carbono)
O aumento da dureza pode ser estimado usando:
$HV = HV_0 + C \times \sqrt{\%CR}$
Onde:
- $HV$ = dureza Vickers após a laminação a frio
- $HV_0$ = dureza Vickers inicial antes da laminação a frio
- $C$ = constante específica do material
Condições e Limitações Aplicáveis
Essas fórmulas são geralmente válidas para aços de baixo a médio carbono com teor de carbono abaixo de 0,25%. Para aços de carbono mais alto ou aços ligados, as relações tornam-se mais complexas e específicas do material.
Os modelos assumem deformação uniforme em toda a espessura, o que pode não ser preciso para chapas muito grossas ou quando as condições de atrito são severas durante a laminação.
Essas relações quebram em reduções extremamente altas (>85%) onde podem ocorrer bandas de cisalhamento ou outras instabilidades, ou em temperaturas elevadas onde os processos de recuperação dinâmica se tornam significativos.
Métodos de Medição e Caracterização
Especificações de Teste Padrão
- ASTM A1008/A1008M: Especificação Padrão para Aço, Chapa, Laminada a Frio, Carbono, Estrutural, Baixa Liga de Alta Resistência, Baixa Liga de Alta Resistência com Melhor Formabilidade, Dureza Requerida, Endurecido por Solução e Endurecido por Cozimento
- ASTM E8/E8M: Métodos de Teste Padrão para Teste de Tensão de Materiais Metálicos
- ISO 6892-1: Materiais metálicos — Teste de tração — Parte 1: Método de teste à temperatura ambiente
- ASTM E18: Métodos de Teste Padrão para Dureza Rockwell de Materiais Metálicos
- ASTM E384: Método de Teste Padrão para Dureza por Microindentação de Materiais
Equipamentos e Princípios de Teste
Máquinas de teste de tração com células de carga apropriadas (tipicamente 50-200 kN) são usadas para determinar propriedades de resistência. Essas máquinas aplicam tensão uniaxial a espécimes padronizados enquanto medem carga e extensão.
Os testes de dureza utilizam testadores de dureza Rockwell (tipicamente usando escalas B ou C) ou testadores de microdureza Vickers. Esses instrumentos medem a resistência do material à indentação usando indentadores e cargas padronizadas.
A caracterização microestrutural utiliza microscopia óptica e microscopia eletrônica de varredura (SEM) para examinar a estrutura do grão e padrões de deformação. A dif