L390 vs L415 – Composição, Tratamento Térmico, Propriedades e Aplicações
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Introdução
Engenheiros, gerentes de compras e planejadores de manufatura frequentemente enfrentam trade-offs ao selecionar um grau de aço: maior resistência muitas vezes entra em conflito com a facilidade de fabricação e soldagem, enquanto melhor soldabilidade pode limitar a resistência máxima alcançável ou resistência ao desgaste. L390 e L415 são frequentemente discutidos em muitas conversas de seleção porque ocupam posições adjacentes no espectro de aços estruturais e do tipo ferramenta de baixo liga, onde os projetistas equilibram a resistência entregue com a conveniência de fabricação.
A principal distinção prática entre esses dois graus é um trade-off entre a resistência/dureza máxima alcançável e a facilidade de soldagem/fabricação. O L415 é geralmente especificado quando maior resistência e dureza através da espessura são necessárias, enquanto o L390 é frequentemente preferido onde soldabilidade, tenacidade e tratamento térmico mais simples são priorizados. Como as convenções de nomenclatura e as composições exatas podem variar por norma ou fornecedor, os usuários devem confirmar os certificados de fábrica e as normas aplicáveis para qualquer compra específica.
1. Normas e Designações
- Normas comuns a serem verificadas para ambos os graus: EN (Normas Europeias), ASTM/ASME (Americanas), JIS (Japonesas) e normas nacionais como GB (China). Nem todas as normas usam os rótulos exatos L390/L415; estes podem ser nomes comerciais ou de mercado mapeados para números de norma equivalentes.
- Classificação:
- L390 — comumente tratado como um aço estrutural ou de engenharia de baixo liga; às vezes usado em aplicações de faca/ferramenta/modelagem onde são necessárias tenacidade equilibrada e resistência moderada.
- L415 — tipicamente um aço de baixo liga de maior resistência ou uma variante de maior dureza usada onde maior resistência à tração/limite de escoamento ou endurecimento mais profundo é necessário.
- Tipo: Nenhum é um grau inoxidável (a menos que explicitamente designado como tal em uma especificação de fornecedor); ambos são aços de baixo liga ou microaleados, em vez de aços ferramenta convencionais ou aços inoxidáveis. Confirme se o grau em questão é um aço estrutural ligado, uma variante de aço ferramenta ou um produto especial de um determinado fabricante.
2. Composição Química e Estratégia de Liga
A tabela a seguir resume qualitativamente a estratégia típica de liga. As composições exatas variam por especificação e fabricante; consulte a especificação real do material e o certificado de teste da fábrica para aquisição ou design.
| Elemento | Nível típico (relativo) | Papel funcional e efeito |
|---|---|---|
| C (Carbono) | L390: baixo–moderado | Proporciona resistência e dureza; maior C aumenta a resistência e dureza, mas reduz a soldabilidade e tenacidade. |
| C (Carbono) | L415: moderado–alto | Carbono aumentado suporta maior resistência e dureza após têmpera; requer controle mais rigoroso para soldas. |
| Mn (Manganês) | L390: moderado | Melhora a resistência e dureza; contribui para desoxidação e propriedades de tração. |
| Mn | L415: moderado–alto | Maior Mn suporta dureza e resistência à tração; pode aumentar o risco de trincas a frio se não for pré-aquecido. |
| Si (Silício) | Ambos: baixo–moderado | Desoxidante; contribui modestamente para a resistência; Si excessivo pode reduzir a soldabilidade de alguns metais de adição. |
| P (Fósforo) | Ambos: controlado baixo | Impureza — mantida baixa para evitar fragilização. |
| S (Enxofre) | Ambos: controlado muito baixo | Impureza — mantida baixa; graus de usinagem livre podem ter S mais alto (não típico aqui). |
| Cr (Cromo) | L390: baixo–moderado | Aumenta a dureza, resistência e resistência ao desgaste; pequenas adições melhoram a resposta ao revenido. |
| Cr (Cromo) | L415: moderado–alto | Promove dureza e maior resistência ao revenido; contribui para menor soldabilidade em quantidades maiores. |
| Ni (Níquel) | L390: possível baixo | Melhora a tenacidade e ductilidade quando presente. |
| Ni (Níquel) | L415: baixo–moderado | Usado quando a tenacidade em maior resistência é necessária. |
| Mo (Molibdênio) | L390: baixo | Aumenta a dureza e a retenção de resistência em temperaturas elevadas. |
| Mo (Molibdênio) | L415: moderado | Melhora a dureza e permite maior resistência após têmpera; pode reduzir a soldabilidade sem pré-aquecimento apropriado. |
| V/Nb/Ti (microaleação) | L390: possível microaleação | Refinamento de grão e endurecimento por precipitação; melhora a tenacidade e resistência sem carbono excessivo. |
| V/Nb/Ti | L415: possível microaleação | Usado para aumentar a resistência ao escoamento e controlar o tamanho do grão; ajuda a alcançar maior resistência com tenacidade controlada. |
| B (Boro) | Ambos: traço, se presente | Adições muito pequenas aumentam fortemente a dureza; podem afetar notavelmente a soldabilidade se presentes. |
| N (Nitrogênio) | Ambos: controlado | Elemento de liga/tramp — controlado para tenacidade e comportamento formador de nitreto. |
Como a liga afeta as propriedades: Elementos que aumentam a dureza (Cr, Mo, Mn, B e às vezes Ni) permitem uma transformação martensítica mais profunda durante a têmpera e, assim, maior resistência através da espessura em seções mais espessas. Elementos de microaleação (V, Nb, Ti) possibilitam o fortalecimento de grão fino e boa tenacidade sem carbono muito alto, melhorando a relação resistência/tenacidade. No entanto, maior dureza e equivalentes de carbono geralmente reduzem a soldabilidade e aumentam os requisitos de pré-aquecimento/interpassagem para evitar trincas.
3. Microestrutura e Resposta ao Tratamento Térmico
- Microestruturas típicas:
- L390: após ciclos normalizados ou de têmpera e revenido, o L390 tende a mostrar uma matriz martensítica ou bainítica revenida com grãos de austenita anterior relativamente finos quando microaleado. Isso resulta em tenacidade equilibrada com resistência moderada.
- L415: tende a formar uma fração maior de martensita ou bainita de baixa temperatura após a têmpera, especialmente em seções mais espessas ou quando temperado para aumentar a dureza. O controle do tamanho dos grãos de austenita anterior e o revenido são críticos para obter tenacidade aceitável.
- Rotas e efeitos do tratamento térmico:
- Normalização: ambos os graus se beneficiam da normalização para refinar o tamanho dos grãos de austenita anterior; o L390 responde bem com tenacidade melhorada. O L415 normalizado mostrará maior resistência após o revenido subsequente.
- Têmpera e revenido: rota principal para obter alta resistência. O L415 geralmente requer meios de têmpera mais agressivos ou revenido mais lento para alcançar as resistências de projeto; o revenido é necessário para restaurar a tenacidade.
- Processamento termo-mecânico: laminação controlada mais resfriamento acelerado pode produzir microestruturas bainíticas ou martensíticas-bainíticas finas com alta resistência e boa tenacidade, muitas vezes permitindo melhor soldabilidade do que ciclos pesados de têmpera/revenido.
- Nota prática: À medida que a dureza aumenta, o tratamento térmico pós-soldagem (PWHT) e os requisitos de pré-aquecimento tornam-se mais significativos para evitar trincas a frio assistidas por hidrogênio.
4. Propriedades Mecânicas
A tabela abaixo compara as tendências esperadas das propriedades. Os valores reais dependem do tratamento térmico, forma do produto e fornecedor. Use relatórios de teste da fábrica para verificação de design.
| Propriedade | L390 (tendência típica) | L415 (tendência típica) |
|---|---|---|
| Resistência à tração | Moderada a alta | Mais alta (máximo alcançável mais alto) |
| Limite de escoamento | Moderado | Mais alto |
| Alongamento (ductilidade) | Bom a moderado | Menor (ductilidade reduzida na resistência máxima) |
| Tenacidade ao impacto | Boa (especialmente após revenido) | Boa a moderada; pode ser menor em níveis de dureza mais altos |
| Dureza (HRC ou HB) | Faixa moderada após revenido | Dureza alcançável mais alta após têmpera e revenido |
Explicação: O maior teor de liga e/ou equivalente de carbono do L415 permitem que os projetistas alcancem maiores resistências à tração e ao escoamento, mas esses ganhos muitas vezes vêm à custa da ductilidade e soldabilidade. O L390 enfatiza um equilíbrio — resistência razoável enquanto mantém melhor tenacidade e deformabilidade.
5. Soldabilidade
A soldabilidade é influenciada pelo teor de carbono, equivalente de carbono (dureza) e elementos de microaleação. Duas fórmulas preditivas comuns são úteis para interpretar o comportamento relativo:
-
Equivalente de carbono IIW: $$CE_{IIW} = C + \frac{Mn}{6} + \frac{Cr+Mo+V}{5} + \frac{Ni+Cu}{15}$$
-
Pcm para suscetibilidade a trincas a frio: $$P_{cm} = C + \frac{Si}{30} + \frac{Mn+Cu}{20} + \frac{Cr+Mo+V}{10} + \frac{Ni}{40} + \frac{Nb}{50} + \frac{Ti}{30} + \frac{B}{1000}$$
Interpretação (qualitativa): - L390: valores de $CE_{IIW}$ e $P_{cm}$ mais baixos a moderados geralmente indicam soldagem mais fácil com consumíveis padrão e pré-aquecimento menos rigoroso. Menor carbono e liga restrita simplificam o design da junta e reduzem o PWHT necessário. - L415: maior liga e carbono aumentam $CE_{IIW}$ e $P_{cm}$, aumentando a suscetibilidade a trincas assistidas por hidrogênio e relacionadas ao endurecimento. Soldar L415 geralmente requer pré-aquecimento controlado, consumíveis de hidrogênio mais baixos, controle de interpassagem e, às vezes, PWHT.
Orientação prática: Para ambos os graus, siga os procedimentos de soldagem do fornecedor; realize PWHT se especificado. Use eletrodos ou metais de adição controlados por hidrogênio correspondentes à resistência e ductilidade desejadas. Onde as soldas devem ser realizadas pela prática usual da oficina com capacidade de pré-aquecimento limitada, o L390 geralmente será a escolha mais segura.
6. Corrosão e Proteção de Superfície
- Nenhum dos dois, L390 ou L415, é inerentemente inoxidável; a resistência à corrosão é típica de aços de carbono/baixo liga e requer proteção de superfície em ambientes expostos.
- Proteções comuns:
- Galvanização a quente, spray de zinco ou metalização para proteção contra corrosão atmosférica.
- Pinturas, revestimentos epóxi ou sistemas de pintura em pó para exposições arquitetônicas ou leves.
- Proteção catódica e revestimentos especializados para ambientes marinhos ou altamente corrosivos.
- PREN (Número Equivalente de Resistência à Perfuração) não é aplicável a menos que um grau seja explicitamente inoxidável. Para referência, PREN é: $$\text{PREN} = \text{Cr} + 3.3 \times \text{Mo} + 16 \times \text{N}$$ Mas este índice se aplica apenas a ligas inoxidáveis; L390/L415 deve ser tratado com estratégias de proteção convencionais de aço carbono.
7. Fabricação, Usinabilidade e Formabilidade
- Corte e usinagem:
- L390: tipicamente mais fácil de usinar em condição normalizada/revenida; menor dureza e carbono ajudam na vida útil da ferramenta e na produtividade.
- L415: a usinagem pode ser mais desafiadora se fornecida em condição de alta dureza ou têmpera; recomenda-se pré-usinagem em condição mais macia ou uso de ferramentas de metal duro e alimentação apropriada.
- Formação e dobra:
- L390: melhor formabilidade, maiores reduções de dobra permitidas antes da trinca em condições normalizadas ou revenidas.
- L415: a formação é mais limitada quando a dureza alta está presente; a formação a frio pode exigir recozimento ou ferramentas especializadas.
- Soldagem e acabamento pós-soldagem:
- L390: mais fácil de desbastar, preparar e finalizar após a soldagem.
- L415: pode exigir PWHT adicional e desbaste cuidadoso para evitar efeitos de revenido e manter as propriedades.
8. Aplicações Típicas
| L390 — Usos típicos | L415 — Usos típicos |
|---|---|
| Componentes estruturais onde resistência e tenacidade equilibradas são necessárias (eixos de médio porte, suportes, estruturas) | Partes estruturais de alta resistência (eixos de alta resistência, componentes propensos ao desgaste, fixações de alta carga) |
| Conjuntos soldados fabricados onde a facilidade de soldagem e tenacidade são prioridades | Partes que requerem maior resistência à tração/limite de escoamento ou penetração mais profunda do tratamento térmico (seções mais espessas) |
| Componentes de máquinas que requerem boa usinabilidade e resistência ao desgaste razoável | Componentes onde maior dureza ou resistência ao desgaste é necessária após têmpera e revenido |
| Aplicações onde revestimento ou galvanização pós-fabricação está planejado | Aplicações onde os projetistas aceitam controles de soldagem mais rigorosos para maior resistência |
Racional de seleção: escolha L390 para trabalhos que priorizam fabricação, tenacidade ou onde soldagem complexa é inevitável. Escolha L415 para designs que exigem maior resistência estática, resistência ao desgaste ou maior capacidade de carga e onde o ambiente de fabricação pode acomodar controles de soldagem e tratamento térmico mais rigorosos.
9. Custo e Disponibilidade
- Custo relativo: L415 é geralmente mais caro por tonelada quando o teor de liga e processamento (por exemplo, tratamento térmico especializado) são mais altos. O L390 tende a ser mais econômico para aplicações onde resistência ultra-alta não é necessária.
- Disponibilidade por forma de produto: ambos os graus estão comumente disponíveis em formas de chapa, barra e forjadas de usinas especializadas e centros de serviços, mas os prazos de entrega variam conforme a demanda regional e se um tratamento térmico ou certificação específica é necessária. O estoque padrão tende a ser mais comum em ligas estruturais; variantes de alta resistência especializadas podem exigir corridas de fábrica ou atrasos no tratamento térmico.
- Dica de aquisição: especifique o tratamento térmico necessário, dureza ou metas mecânicas e testes de material exigidos (UT, MT, PMI, MTC) antecipadamente para evitar surpresas de preço e prazo de entrega.
10. Resumo e Recomendação
Tabela de resumo (qualitativa):
| Critério | L390 | L415 |
|---|---|---|
| Soldabilidade | Melhor (mais fácil, menor pré-aquecimento) | Mais exigente (maior pré-aquecimento/PWHT) |
| Equilíbrio Resistência–Tenacidade | Equilibrado; boa tenacidade com resistência moderada | Maior resistência alcançável; a tenacidade pode ser reduzida na dureza máxima |
| Custo | Geralmente mais baixo | Geralmente mais alto |
| Usinabilidade/Formabilidade | Melhor | Mais limitada quando em condição de alta resistência |
| Complexidade típica de fabricação | Menor | Maior (exige controles mais rigorosos) |
Recomendação: - Escolha L390 se você precisar de um aço de engenharia equilibrado com soldabilidade relativamente boa, usinagem e formação mais fáceis, e tenacidade sólida para estruturas ou componentes soldados produzidos em ambientes de oficina com procedimentos de soldagem padrão. - Escolha L415 se sua principal exigência for maior resistência à tração ou limite de escoamento, endurecimento mais profundo em seções mais espessas, ou maior resistência ao desgaste e o plano de fabricação puder acomodar procedimentos de soldagem mais restritivos, pré-aquecimento/PWHT e potencialmente maior custo do material.
Nota final: Os termos L390 e L415 podem ser usados de maneira diferente entre fornecedores e normas. Sempre confirme a composição química exata, os requisitos de propriedades mecânicas e a rota de tratamento térmico especificada na especificação do material e no certificado de teste da fábrica antes do design ou aquisição final.