A615 vs A706 – Composição, Tratamento Térmico, Propriedades e Aplicações

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Introdução

ASTM A615 e ASTM A706 são duas das barras de aço de reforço deformadas mais comumente especificadas para construção em concreto. Engenheiros, gerentes de compras e fabricantes pesam rotineiramente as compensações entre custo base, soldabilidade, ductilidade e resistência à fratura ao selecionar entre elas. Os contextos típicos de decisão incluem: minimizar o custo de aquisição para membros de concreto armado rotineiros (onde a resistência nominal e o padrão de deformação determinam a escolha) versus especificar desempenho aprimorado em conexões sísmicas, de fadiga ou soldadas (onde a ductilidade e a química de baixo carbono são críticas).

A principal diferença prática é que A706 é uma classe de barra de reforço de baixo liga e baixo carbono produzida com controles de química e processamento para melhorar a soldabilidade e a ductilidade, enquanto A615 é uma barra de aço carbono de uso mais geral produzida principalmente para resistência e economia. Essa diferença torna A706 a escolha preferida onde soldagem, ductilidade rigorosa ou desempenho crítico à fratura são necessários; A615 é amplamente utilizado onde o desempenho mecânico padrão e a eficiência de custo são preocupações primárias.

1. Normas e Designações

  • ASTM/ASME:
  • ASTM A615/A615M — Especificação Padrão para Barras de Aço Carbono Deformadas e Lisas para Reforço de Concreto.
  • ASTM A706/A706M — Especificação Padrão para Barras Deformadas de Aço para Trilhos para Reforço de Concreto (soldáveis).
  • EN (Europeia): Os equivalentes de barras de reforço são especificados sob EN 10080 e EN 1992; a equivalência direta um a um não é garantida — os engenheiros devem mapear os requisitos mecânicos e de ductilidade em vez de confiar apenas nos números de classe.
  • JIS/GB: Normas nacionais existem para barras de reforço (por exemplo, JIS G3112, GB 1499) com diferentes limites químicos e mecânicos; a seleção deve ser feita comparando os requisitos funcionais.
  • Classificação: Tanto A615 quanto A706 são aços carbono/baixo liga destinados a serem barras de reforço (rebar). A615 é uma família de aço carbono liso usada amplamente; A706 é produzida como uma liga de baixo carbono, mais controlada (funcionalmente baixo liga/HSLA-like em objetivos) para melhorar a soldabilidade e a ductilidade.

2. Composição Química e Estratégia de Liga

A tabela a seguir resume a presença típica e o papel dos elementos de liga comuns em A615 e A706. Os valores são descrições qualitativas destinadas a refletir as diferenças impulsionadas pela especificação, em vez de limites numéricos exatos.

Elemento A615 (barra de carbono geral) A706 (barra de baixo carbono soldável)
C (carbono) Maior em relação ao A706; principal elemento de endurecimento Menor teor de carbono e controle mais rigoroso para melhorar a soldabilidade e a tenacidade
Mn (manganês) Moderado; usado para aumentar a resistência e a capacidade de endurecimento Moderado; controlado para equilibrar resistência e tenacidade
Si (silício) Presente para desoxidação e contribuição de resistência Presente, mas controlado para apoiar a soldabilidade
P (fósforo) Mantido baixo, mas permitido dentro de limites gerais Limites rigorosos para reduzir a fragilização e melhorar a resistência à fratura
S (enxofre) Mantido baixo; sulfetos podem ajudar na usinagem, mas reduzem a tenacidade Limites mais baixos do que o A615 típico para melhorar a ductilidade
Cr, Ni, Mo Geralmente ausentes ou presentes apenas em quantidades traço Tipicamente mínimo; A706 foca em baixo C em vez de liga significativa
V, Nb, Ti (microligação) Raro no A615 commodity; pode aparecer em algumas classes produzidas Pode ser usado em casos limitados para microligação e refino de grão, mas A706 depende principalmente do processamento e do baixo C
B, N Normalmente não visados; N controlado se a soldagem for necessária Nitrogênio controlado; boro geralmente não adicionado

Como a liga afeta as propriedades: - Carbono e manganês aumentam a resistência e a capacidade de endurecimento, mas aumentam o risco de endurecimento na zona de solda e redução da soldabilidade se não controlados. - Baixo carbono e limites rigorosos em P e S melhoram a ductilidade e reduzem o risco de fratura frágil — a intenção de projeto para A706. - Elementos de microligação (V, Nb, Ti) quando presentes podem refinar o tamanho do grão e aumentar o rendimento para uma dada ductilidade, mas seu uso é mais comum em barras de reforço especializadas do que no A615 commodity geral.

3. Microestrutura e Resposta ao Tratamento Térmico

Microestruturas típicas: - A615: A microestrutura como fabricada das barras A615 é geralmente uma mistura de ferrita–pearlita quando laminada a quente. A resistência surge da deformação a frio (padrão de nervura), fração de pearlite e endurecimento por deformação. Na ausência de processamento termomecânico controlado, o tamanho do grão e os precipitados de microligação não são rigidamente controlados. - A706: Produzida com controle de química e processo mais rigoroso; a microestrutura ainda é ferrita–pearlita, mas com tamanho de grão mais fino e fração de pearlite mais baixa onde necessário. O processamento termomecânico (laminação controlada e resfriamento acelerado) pode ser usado para alcançar melhor tenacidade e ductilidade.

Efeitos do tratamento térmico e processamento: - Normalização e laminação controlada melhoram o refino do grão e a tenacidade em ambas as classes, mas A706 se beneficia mais devido ao seu menor teor de carbono e química mais rigorosa. - O resfriamento e o revenimento não são típicos para barras de reforço padrão (razões econômicas e práticas), mas a microligação combinada com a laminação termomecânica pode proporcionar ao A706 uma superior relação resistência–tenacidade sem tratamento térmico intenso. - A615, se submetido a um resfriamento mais severo, pode desenvolver maior teor de pearlite e maior resistência à custa da tenacidade e soldabilidade.

4. Propriedades Mecânicas

Ambas as normas especificam propriedades mecânicas mínimas, mas as diferenças práticas estão na ductilidade e tenacidade.

Propriedade Mecânica A615 (típico) A706 (típico)
Limite de escoamento Por designação de classe (por exemplo, Classe 60 → 60 ksi min) Por designação de classe (mesmos números de classe)
Resistência à tração Comparável ao A706 da mesma classe, varia com o processamento Comparável; às vezes, faixas de especificação ligeiramente mais estreitas para A706
Elongação (ductilidade) Atende aos requisitos mínimos gerais de elongação; menor que A706 em muitos produtores Maior elongação mínima e requisitos de ductilidade mais rigorosos
Tenacidade ao impacto Adequada para aplicações rotineiras; menor potencial de tenacidade à fratura Tenacidade à fratura melhorada e melhor desempenho em condições sísmicas/fadiga
Dureza Comparável; depende da microestrutura Comparável ou ligeiramente inferior em alguns casos devido ao menor carbono

Explicação: - Para o mesmo número de classe (por exemplo, Classe 60), o limite de escoamento nominal é igual por designação, mas A706 é formulado e processado para fornecer maior ductilidade e resistência à fratura. Isso torna A706 menos propenso à fratura frágil, especialmente em concentradores de tensão e juntas soldadas. - As razões de tração para escoamento e a porcentagem de elongação são frequentemente melhor documentadas e controladas para A706 para atender aos requisitos de soldabilidade e ductilidade sísmica.

5. Soldabilidade

A soldabilidade depende do teor de carbono, da capacidade de endurecimento da liga e dos elementos residuais (P, S, Cu, etc.). Duas métricas de carbono equivalente comumente usadas são:

$$CE_{IIW} = C + \frac{Mn}{6} + \frac{Cr+Mo+V}{5} + \frac{Ni+Cu}{15}$$

e

$$P_{cm} = C + \frac{Si}{30} + \frac{Mn+Cu}{20} + \frac{Cr+Mo+V}{10} + \frac{Ni}{40} + \frac{Nb}{50} + \frac{Ti}{30} + \frac{B}{1000}$$

Interpretação: - Valores mais baixos de $CE_{IIW}$ e $P_{cm}$ correspondem a melhor soldabilidade e menor risco de fraturas frias induzidas por hidrogênio. - A706 geralmente tem um menor carbono equivalente efetivo devido ao seu menor teor de carbono e conteúdo de liga controlado, o que resulta em desempenho de soldagem superior para soldas de filete e de ranhura comuns na construção. - A615 pode exigir pré-aquecimento, resfriamento controlado ou tratamentos pós-solda em seções mais espessas ou condições de solda congestionadas devido a maiores equivalentes de carbono e química menos controlada.

Orientação qualitativa: - Para soldagem em campo de barras de reforço, A706 reduz a necessidade de pré-aquecimento extensivo ou procedimentos de soldagem especiais. - Onde a soldagem é necessária e os requisitos de certificação ou sísmicos especificam soldabilidade, A706 é frequentemente exigido.

6. Corrosão e Proteção de Superfície

  • Tanto A615 quanto A706 são aços carbono não inoxidáveis e são suscetíveis à corrosão em ambientes agressivos.
  • Estratégias de proteção típicas:
  • Galvanização a quente — fornece proteção sacrificial; deve-se considerar a tolerância da seção e os efeitos do calor nas propriedades mecânicas se aplicadas após a fabricação.
  • Revestimento epóxi — comum para barras de reforço em serviço agressivo (marinho, exposição a cloretos); a vulnerabilidade ao manuseio e danos em campo deve ser considerada.
  • Cobertura de concreto e inibidores de corrosão — escolhas de design que complementam a seleção de material.
  • PREN (Número Equivalente de Resistência à Fissuração) é aplicável apenas a ligas inoxidáveis:

$$\text{PREN} = \text{Cr} + 3.3 \times \text{Mo} + 16 \times \text{N}$$

  • PREN não é aplicável a A615 ou A706 porque nenhum deles é inoxidável; a resistência à corrosão para essas classes é gerida por revestimentos, design de concreto ou proteção catódica, em vez de composição de liga.

7. Fabricação, Usinabilidade e Formabilidade

  • Corte: Ambas as classes são facilmente cortadas com métodos oxicombustíveis, abrasivos ou mecânicos. O menor carbono em A706 não altera significativamente o comportamento de corte.
  • Dobragem/formação: Ambas atendem aos requisitos padrão de dobragem e dobragem a frio especificados pelos códigos de concreto; A706 geralmente exibe melhor ductilidade e menor risco de fraturas durante dobras apertadas, tornando-a preferível para detalhes congestionados ou dobragem a frio severa.
  • Usinabilidade: Nenhuma delas é otimizada para usinagem — ambas são aços de reforço com usinabilidade moderada. A escala de laminação e a deformação da superfície afetam a vida útil das ferramentas de maneira semelhante.
  • Acabamento: Revestimentos (epóxi, galvanização) podem afetar a soldagem, dobragem e manuseio — especifique sequências de fabricação compatíveis.

8. Aplicações Típicas

A615 — Usos Típicos A706 — Usos Típicos
Concreto armado geral em edifícios, lajes, fundações, membros estruturais não críticos onde o controle de custo é uma prioridade Concreto armado em regiões sísmicas, membros estruturais críticos, conexões soldadas e onde ductilidade/tenacidade rigorosas são necessárias
Concreto maciço, reforço não congestionado Elementos pré-moldados e pré-esforçados que requerem soldagem ou desempenho de alta ductilidade
Infraestrutura onde os requisitos padrão do código são suficientes Pontes, diafragmas e conexões que requerem controle de fratura aprimorado e confiabilidade de soldagem

Racional de seleção: - Escolha A615 quando o design estrutural exigir resistência padrão de barras de reforço e a economia for a prioridade. - Escolha A706 quando a especificação ou preocupações de segurança exigirem soldabilidade, ductilidade e resistência à fratura aprimoradas (por exemplo, detalhamento sísmico ou emendas soldadas).

9. Custo e Disponibilidade

  • Custo: A615 é geralmente menos caro devido à produção mais ampla, controle de química menos rigoroso e ampla disponibilidade no mercado. A706 tem um custo adicional devido à química mais rigorosa, controle de processamento adicional e, às vezes, volumes de produção mais baixos.
  • Disponibilidade por forma de produto: Ambas as classes estão comumente disponíveis em tamanhos e comprimentos padrão de barras; A615 desfruta da maior disponibilidade nas cadeias de suprimento de commodities básicas. A706 pode exigir especificação e tempo de entrega em alguns mercados; no entanto, é amplamente estocada em regiões com códigos de design sísmico ou altos padrões de construção.

10. Resumo e Recomendação

Tabela resumo — comparação qualitativa:

Atributo A615 A706
Soldabilidade Boa para soldagem rotineira de barras de reforço; pode precisar de procedimentos para soldas grossas/congestionadas Superior; formulada para melhor soldagem em campo e na oficina
Equilíbrio Resistência–Tenacidade Resistência adequada a um custo econômico; tenacidade varia com o produtor Otimizada para maior ductilidade e resistência à fratura a um limite de escoamento comparável
Custo Mais baixo (classe commodity) Mais alto (prêmio por química controlada)

Conclusão e orientação de seleção: - Escolha A615 se: - A relação custo-benefício e a ampla disponibilidade forem os principais fatores. - A aplicação envolver elementos de concreto armado rotineiros com métodos padrão de emenda e ancoragem. - A soldagem for mínima ou puder ser realizada sob procedimentos controlados onde maiores equivalentes de carbono são aceitáveis.

  • Escolha A706 se:
  • Conexões soldadas, detalhamento sísmico ou membros críticos à fratura forem especificados.
  • Códigos de design ou proprietários exigirem ductilidade aprimorada, química controlada e resistência melhorada à fratura frágil.
  • A redução da necessidade de pré-aquecimento e a simplificação dos procedimentos de soldagem em campo forem prioridades, apesar do maior custo do material.

Nota final: Sempre confirme os requisitos do projeto, os códigos de construção aplicáveis e os procedimentos de soldagem ao selecionar entre A615 e A706. Para projetos críticos, solicite relatórios de química do moinho e certificados de teste mecânico, e considere especificar A706 onde a tenacidade à fratura e a soldabilidade impactam a segurança e o desempenho a longo prazo.

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