A vs B – Composição, Tratamento Térmico, Propriedades e Aplicações

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Introdução

Engenheiros, gerentes de compras, planejadores de fabricação e profissionais da indústria frequentemente enfrentam a decisão de selecionar entre dois aços comumente especificados — referidos aqui como Grau A e Grau B. Os contextos típicos de decisão incluem equilibrar tenacidade e ductilidade contra resistência e resistência ao desgaste, trocando custo e facilidade de fabricação contra desempenho em serviço, e combinando a capacidade de tratamento térmico com os requisitos de design.

A principal característica distintiva entre esses dois graus reside em sua estratégia de liga de carbono e o comportamento resultante de tenacidade ao impacto: um grau é otimizado para menor teor de carbono e maior tenacidade através da espessura e soldabilidade, enquanto o outro enfatiza maior resistência através do aumento do carbono ou microligação em detrimento da tenacidade como-laminada, a menos que tratado termicamente de forma apropriada. Essas abordagens contrastantes fazem do Grau A e do Grau B alternativas frequentes em aplicações estruturais, de retenção de pressão e de ferramentas.

1. Normas e Designações

As normas e sistemas de designação comuns sob os quais esses tipos de graus aparecem incluem:

  • ASTM / ASME: por exemplo, muitos aços carbono e aços de baixa liga, aços estruturais e aços para vasos de pressão estão cobertos sob as designações da série A da ASTM e equivalentes da ASME.
  • EN (Europeia): EN 10025 (estrutural), EN 10113–10130 (laminados a frio), EN 10250+ (barras), etc.
  • JIS (Normas Industriais Japonesas): comum para chapas e barras de aço na Ásia.
  • GB (Padrão Nacional Chinês): amplamente utilizado nas especificações da cadeia de suprimentos chinesa.

Classificação típica por tipo: - Grau A — tipicamente representado por aços carbono ou de baixa liga (aço macio, aços estruturais ou graus normalizados de baixo carbono). - Grau B — tipicamente representado por aços de carbono médio/alto, aços microligados ou aços de liga (projetados para maior resistência, resistência ao desgaste ou temperabilidade).

2. Composição Química e Estratégia de Liga

Os dois graus adotam filosofias de liga diferentes: o Grau A favorece menor teor de carbono e adições mínimas de temperabilidade para preservar ductilidade e soldabilidade; o Grau B aumenta o carbono ou utiliza microligação e elementos de liga para aumentar a resistência e a temperabilidade.

Elemento Grau A (estratégia típica) Grau B (estratégia típica) Notas
C (Carbono) Relativamente baixo; priorizado para ductilidade e soldabilidade Maior ou controlado; usado para aumentar a resistência e o potencial de dureza O carbono influencia fortemente a resistência, dureza e temperabilidade
Mn (Manganês) Moderado; apoia resistência e desoxidação Moderado a elevado; melhora a temperabilidade e a resistência à tração Mn ajuda na resistência, mas aumenta o CE se excessivo
Si (Silício) Baixo–moderado; controle de desoxidação e retorno elástico Baixo–moderado; papéis semelhantes, às vezes mantido baixo para soldagem Si afeta a oxidação e algum fortalecimento
P (Fósforo) Controle rigoroso; residual apenas Controle rigoroso, mas ocasionalmente ligeiramente mais alto em certos graus de maior resistência P pode embrittle os limites de grão se excessivo
S (Enxofre) Mantido baixo; melhora a usinabilidade quando intencionalmente aumentado Mantido baixo, a menos que seja grau de usinagem livre S melhora a usinabilidade, mas pode reduzir a tenacidade
Cr (Cromo) Tipicamente baixo ou ausente Presente em aços de liga; melhora a temperabilidade e resistência à corrosão/desgaste Cr aumenta a temperabilidade e resistência ao calor
Ni (Níquel) Baixo ou ausente Pode estar presente para melhorar a tenacidade a baixa temperatura Ni é um elemento de liga eficaz para tenacidade
Mo (Molibdênio) Geralmente ausente Usado para aumentar a temperabilidade e resistência ao revenido Mo aumenta a temperabilidade e mantém propriedades à temperatura
V (Vanádio) Traços em variantes de baixa liga microligadas Usado em aços microligados para endurecimento por precipitação V forma carbonetos/nitretos para fortalecimento de grão fino
Nb (Nióbio) Raro em variantes de carbono simples Presente em graus microligados para refinar o grão e aumentar a resistência Nb é eficaz em baixas concentrações
Ti (Titânio) Traços para estabilização em alguns graus Usado de forma semelhante para amarrar N e refinar o grão Ti controla o nitrogênio e pode melhorar a conformabilidade
B (Boro) Não típico Pequenas adições usadas para aumentar a temperabilidade em baixas quantidades B é potente; requer controle rigoroso
N (Nitrogênio) Níveis controlados baixos Controlado; interage com elementos de microligação N pode formar nitretos; afeta a tenacidade e o endurecimento por precipitação

Como a liga afeta as propriedades: - O aumento do carbono e dos elementos de temperabilidade eleva a resistência e a resistência ao desgaste alcançáveis, mas tende a reduzir a tenacidade ao impacto como-laminada e a facilidade de soldagem. - A microligação (Nb, V, Ti) permite maior resistência com microestrutura mais fina, enquanto tenta reter a tenacidade, mas complica os ciclos térmicos e pode aumentar a suscetibilidade à fragilização se não processada corretamente.

3. Microestrutura e Resposta ao Tratamento Térmico

Microestruturas e respostas típicas diferem devido à composição e ao processamento:

Grau A: - Como-laminado ou normalizado: predominantemente ferrita com ilhas de perlita em variantes de baixo carbono; perlita grossa é mínima. - Resposta ao tratamento térmico: Normalização produz ferrita-perlita refinada com boa tenacidade; têmpera é incomum, a menos que adições de liga estejam presentes. - Processamento termo-mecânico: Laminação controlada e resfriamento acelerado podem aumentar a resistência ao escoamento enquanto retêm a ductilidade.

Grau B: - Como-laminado ou normalizado: pode conter bainita, martensita temperada ou estruturas perlíticas mais duras, dependendo do carbono e da liga. - Resposta ao tratamento térmico: Responsiva a ciclos de têmpera e revenido para desenvolver alta resistência com martensita temperada; endurecimento por indução e endurecimento superficial são comumente usados para resistência ao desgaste superficial. - Processamento termo-mecânico: TMCP combinado com microligação produz microestruturas bainíticas de grão fino ou misturadas que equilibram tenacidade e resistência, mas requerem controle térmico preciso.

Efeitos do processamento: - A normalização tende a melhorar a uniformidade e a tenacidade para ambos os graus, mas é especialmente útil para o Grau A para desenvolver uma microestrutura dúctil previsível. - Têmpera e revenido é a principal rota para o Grau B quando alta resistência e alta dureza são necessárias; o revenido deve ser otimizado para restaurar a tenacidade. - O tratamento termo-mecânico pode fornecer alta resistência com tenacidade aceitável em aços microligados do Grau B, mas é sensível ao processo.

4. Propriedades Mecânicas

Apresentando o comportamento mecânico comparativo qualitativamente (os intervalos dependem do processo e da liga).

Propriedade Grau A Grau B Observações
Resistência à Tração Moderada — projetada para ductilidade estrutural Maior — projetada para resistência à tração e escoamento elevadas O Grau B atinge maior resistência à tração via carbono/ligação ou tratamento térmico
Resistência ao Escoamento Moderada Maior A microligação ou o tratamento térmico aumentam o escoamento no Grau B
Alongamento Maior ductilidade Menor ductilidade (a menos que temperado ou processado para tenacidade) Maior teor de carbono reduz a ductilidade a resistência igual
Tenacidade ao Impacto Geralmente maior, especialmente a baixa temperatura Menor na condição como-laminada; pode ser melhorada por revenido/ligação A tenacidade depende da microestrutura e do controle de impurezas
Dureza Menor Maior (após endurecimento) A dureza correlaciona-se com o teor de carbono e endurecimento

Interpretação: - O Grau A é a escolha mais segura onde ductilidade, resistência ao impacto e fabricação são prioridades. - O Grau B é preferível onde maior resistência estática, dureza superficial ou resistência ao desgaste são necessárias, desde que o tratamento térmico apropriado ou o design da liga sejam aplicados para satisfazer os requisitos de tenacidade.

5. Soldabilidade

A soldabilidade é uma função do equivalente de carbono, conteúdo de liga e espessura. Duas estimativas empíricas comumente usadas são:

$$CE_{IIW} = C + \frac{Mn}{6} + \frac{Cr+Mo+V}{5} + \frac{Ni+Cu}{15}$$

e

$$P_{cm} = C + \frac{Si}{30} + \frac{Mn+Cu}{20} + \frac{Cr+Mo+V}{10} + \frac{Ni}{40} + \frac{Nb}{50} + \frac{Ti}{30} + \frac{B}{1000}$$

Interpretação qualitativa: - Grau A: Menor teor de carbono e menor conteúdo de liga geralmente resultam em baixos valores de equivalente de carbono e, portanto, boa soldabilidade com menores requisitos de pré-aquecimento/pós-aquecimento. Isso reduz o risco de trincas a frio induzidas por hidrogênio e simplifica a fabricação. - Grau B: Maior teor de carbono e liga de temperabilidade aumentam $CE_{IIW}$ e $P_{cm}$, indicando que temperaturas de pré-aquecimento e interpasso controladas são frequentemente necessárias para evitar endurecimento e trincas na solda. Elementos de microligação que refinam o grão podem ajudar na tenacidade, mas nem sempre reduzem o risco de trincas na solda.

Recomendações práticas: - Para o Grau B, siga procedimentos de soldagem qualificados (PQR/WPS), controle o hidrogênio, use pré-aquecimento/interpasso apropriados e selecione metais de enchimento compatíveis para gerenciar a tenacidade da ZTA e tensões residuais. - Considere o tratamento térmico pós-soldagem (PWHT) quando exigido por códigos de vasos de pressão ou para restaurar a tenacidade.

6. Corrosão e Proteção Superficial

Variantes não inoxidáveis: - Nem o Grau A nem o Grau B são intrinsecamente inoxidáveis, a menos que especificado; a proteção contra corrosão é alcançada por meio de revestimentos (galvanização a quente, eletrogalvanização de zinco), revestimentos orgânicos (tintas, revestimentos em pó) ou tratamentos de barreira (fosfato, revestimentos de conversão).

Variantes inoxidáveis ou resistentes à corrosão: - Se o Grau B representa um aço de liga com Cr significativo ou outros elementos resistentes à corrosão, índices de corrosão como PREN se aplicam:

$$\text{PREN} = \text{Cr} + 3.3 \times \text{Mo} + 16 \times \text{N}$$

  • PREN é significativo apenas para químicas de grau inoxidável; não se aplica a aços carbono simples sem cromo protetor.

Orientação de seleção: - Use o Grau A galvanizado ou pintado para exposição estrutural geral. - Para serviço em meios agressivos (ambientes de cloreto, temperaturas elevadas), escolha uma liga resistente à corrosão ou grau inoxidável; avalie o PREN onde o desempenho inoxidável é crítico.

7. Fabricação, Usinabilidade e Conformabilidade

  • Conformabilidade e dobra: O Grau A, com menor teor de carbono e microestrutura mais dúctil, é mais fácil de formar e dobrar sem trincas. O Grau B requer janelas de processo cuidadosas e pode precisar de recozimento ou revenido controlado antes da conformação.
  • Usinabilidade: O Grau B de maior carbono pode ser mais difícil de usinar, mas pode oferecer melhor quebra de cavacos para certas operações; a usinabilidade depende fortemente do tratamento térmico e do teor de enxofre.
  • Acabamento superficial: O Grau A geralmente aceita revestimentos mais prontamente; o Grau B pode exigir pré-tratamento ou ajuste da dureza superficial para operações de acabamento (moagem, polimento).

8. Aplicações Típicas

Grau A — Usos Típicos Grau B — Usos Típicos
Vigas estruturais, fabricação geral, quadros soldados, tubulação de baixa pressão, painéis de carroceria automotiva, seções formadas a frio Componentes de alta resistência, eixos, engrenagens, placas de desgaste, membros estruturais temperados e revenidos, ferramentas, elementos de máquina tratados termicamente
Racionalização da seleção:
- O Grau A é selecionado onde a velocidade de fabricação, soldabilidade, tenacidade e custo-efetividade são primordiais.
- O Grau B é selecionado onde maior capacidade de carga, dureza superficial, resistência ao desgaste ou capacidade de tratamento térmico específico do design são necessárias.

9. Custo e Disponibilidade

  • Grau A: Geralmente mais econômico por quilograma devido ao menor conteúdo de liga e ampla base de fabricação; muito amplamente disponível em chapas, bobinas, folhas e formas estruturais padrão.
  • Grau B: Tipicamente mais caro devido a elementos de liga, etapas de tratamento térmico ou rotas de produção especializadas; disponível em formas de produtos de usina comuns, mas pode ter prazos de entrega mais longos para tratamentos térmicos específicos ou tolerâncias químicas mais rigorosas.

Considerações de fornecimento: - Graus padronizados com ampla demanda de mercado são mais fáceis de obter rapidamente e em grande escala. Variantes tratadas termicamente ou microligadas especializadas frequentemente requerem planejamento de aquisição mais longo e, potencialmente, quantidades mínimas de pedido mais altas.

10. Resumo e Recomendação

Critério Grau A Grau B
Soldabilidade Alta — mais fácil de soldar com menor pré-aquecimento Moderada a baixa — requer procedimentos de soldagem controlados
Equilíbrio Resistência–Tenacidade Maior tenacidade, resistência moderada Maior potencial de resistência, tenacidade depende do tratamento
Custo Menor Maior

Escolha o Grau A se: - O design prioriza ductilidade, resistência a entalhes e soldagem e fabricação diretas. - O custo e a rápida disponibilidade são importantes e as condições de serviço não são agressivas em relação ao desgaste ou alta tensão.

Escolha o Grau B se: - A aplicação requer maior resistência estática, dureza superficial ou resistência ao desgaste e o processo de fabricação pode fornecer tratamento térmico apropriado ou controle de microligação. - Você pode implementar procedimentos de soldagem controlados, pré-aquecimento/PWHT quando necessário, e aceitar maior custo de material para ganhos de desempenho.

Nota final: A escolha final entre o Grau A e o Grau B deve ser guiada pela interação das cargas de serviço, exposição ambiental, controles de fabricação exigidos e capacidade de tratamento térmico. Onde alta tenacidade e fácil fabricação são ambos necessários, considere especificar variantes microligadas ou TMCP que equilibrem os dois objetivos, e sempre valide a seleção com testes de materiais apropriados (tração, impacto Charpy, dureza) e qualificação de procedimento de soldagem.

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