20Mn vs 40Mn – Composição, Tratamento Térmico, Propriedades e Aplicações
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Introdução
Engenheiros, gerentes de compras e planejadores de fabricação frequentemente escolhem entre 20Mn e 40Mn ao especificar aços de carbono médio com manganês para eixos, engrenagens, forjados e peças estruturais. O dilema da seleção geralmente gira em torno do equilíbrio entre resistência e resistência ao desgaste contra conformabilidade e soldabilidade: um grau é tipicamente selecionado quando menor teor de carbono e fabricação mais fácil são prioridades, enquanto o outro é escolhido quando maior endurecimento e maior resistência ao estado de têmpera são necessários.
À primeira vista, a principal distinção de engenharia entre os dois graus reside no equilíbrio de liga de carbono-manganês e na resposta resultante de endurecimento e tratamento térmico. Essas diferenças se traduzem em microestruturas contrastantes após o tratamento térmico e em diferentes compensações entre resistência, ductilidade e soldabilidade—daí sua comparação direta frequente em decisões de projeto e compras.
1. Normas e Designações
As designações normativas comuns e os frameworks de classificação onde graus como 20Mn e 40Mn aparecem incluem: - GB (China): 20Mn, 40Mn aparecem como graus convencionais de aço carbono-manganês. - JIS (Japão): aços comparáveis são frequentemente referenciados por equivalência química (por exemplo, análogos da família S20C / S45C). - SAE/AISI: equivalentes aproximados estão nas famílias SAE 10xx e 104x (por exemplo, 1020 ~ baixo carbono; 1040 ~ carbono médio). - EN (Europa): papéis semelhantes assumidos por tipos EN Ckxx ou C45 com variações de Mn.
Classificação: tanto 20Mn quanto 40Mn são aços de liga carbono/manganês (não inoxidáveis, não HSLA no sentido moderno e não aços para ferramentas). Eles são tipicamente usados como aços estruturais/engenharia de carbono médio destinados ao tratamento térmico (têmpera e revenimento) ou usinagem/forjamento após normalização.
2. Composição Química e Estratégia de Liga
A tabela abaixo mostra elementos de liga típicos e indicações de faixa qualitativa ou típica. Composições exatas dependem da edição padrão e da prática do moinho; sempre verifique os certificados de material para compras.
| Elemento | Papel típico | 20Mn (faixa típica) | 40Mn (faixa típica) |
|---|---|---|---|
| C | Resistência, endurecimento, dureza após têmpera | Baixo (~0.16–0.24 wt%) | Médio-alto (~0.36–0.44 wt%) |
| Mn | Endurecimento por solução sólida, endurecimento, desoxidação | Moderado (~0.7–1.2 wt%) | Moderado (~0.6–1.0 wt%) |
| Si | Desoxidante, resistência | ≤0.35 wt% (geralmente baixo) | ≤0.35 wt% (geralmente baixo) |
| P | Impureza; risco de fragilização | ≤0.035 wt% | ≤0.035 wt% |
| S | Impureza; aditivo de usinabilidade quando elevado | ≤0.035 wt% | ≤0.035 wt% |
| Cr | Endurecimento, resistência ao desgaste (se presente) | geralmente ≤0.25 wt% | geralmente ≤0.25 wt% |
| Ni, Mo, V, Nb, Ti, B, N | Microaliagem/modificadores de endurecimento (se presentes) | Traço ou ausente em graus básicos | Traço ou ausente em graus básicos |
Notas: - As faixas numéricas acima são representativas para os graus convencionais 20Mn e 40Mn encontrados na prática GB/JIS/industrial; existem múltiplas variantes e produtos termo-mecânicos com químicas ajustadas. - 20Mn tipicamente visa menor carbono para melhorar a soldabilidade e ductilidade, com Mn fornecendo algum endurecimento e resistência. - 40Mn visa maior carbono para permitir maior dureza ao estado de têmpera e resistência ao desgaste; o manganês ainda auxilia no endurecimento e resistência, mas pode prejudicar a soldabilidade se combinado com maior carbono.
Efeitos de liga resumidos: - O carbono aumenta a resistência e o endurecimento, mas reduz a ductilidade e a soldabilidade. - O manganês eleva o endurecimento e a resistência à tração; excesso de Mn pode aumentar o risco de segregação e fragilidade a frio se não controlado. - Elementos de microaliagem (V, Nb, Ti) refinam o grão e melhoram a resistência/dureza, mas não são intrínsecos aos graus básicos 20Mn/40Mn, a menos que especificados.
3. Microestrutura e Resposta ao Tratamento Térmico
Microestruturas típicas e como as rotas de processamento as afetam:
- Como laminado ou recozido:
- 20Mn: predominantemente ferrita + perlita com perlita relativamente grossa se resfriada lentamente; boa ductilidade.
-
40Mn: ferrita + perlita com maior fração de perlita e perlita mais fina quando resfriada mais rapidamente; maior dureza que 20Mn no estado recozido.
-
Normalização:
-
Ambos os graus refinam o tamanho do grão e produzem uma fração de ferrita-perlita ou martensita temperada mais uniforme após a têmpera. A normalização aumenta a resistência em relação ao recozimento e melhora a consistência da usinabilidade.
-
Têmpera e revenimento:
- 20Mn: menor dureza final da martensita na mesma severidade de têmpera devido ao menor teor de carbono; o revenimento restaura a tenacidade enquanto mantém resistência moderada.
- 40Mn: maior carbono resulta em maior dureza da martensita e maior resistência final após a têmpera; requer revenimento cuidadoso para evitar fragilidade excessiva.
-
O endurecimento para uma determinada espessura de seção é influenciado pelo Mn; o maior carbono de 40Mn aumenta a dureza alcançável; o teor de Mn influencia o diâmetro crítico (D-I) e a profundidade de endurecimento.
-
Processamento termo-mecânico:
- Rolamento controlado e resfriamento acelerado podem produzir misturas finas de bainita/martensita em ambos os graus; 40Mn é mais propenso a formar microestruturas mais duras em taxas de resfriamento equivalentes.
Notas de controle da microestrutura: - O controle do tamanho do grão e a proteção contra descarbonização são críticos quando alta tenacidade é necessária. - Para seções mais grossas, o maior carbono de 40Mn aumenta o risco de martensita dura e frágil na zona afetada pelo calor (HAZ) durante a soldagem.
4. Propriedades Mecânicas
Resultados mecânicos dependem do tratamento térmico e do tamanho da seção. A tabela fornece comparações qualitativas típicas e faixas indicativas para tratamentos comumente encontrados; verifique com relatórios de teste do moinho.
| Propriedade | 20Mn (típico, recozido/normalizado/têmpera+revenido) | 40Mn (típico, recozido/normalizado/têmpera+revenido) |
|---|---|---|
| Resistência à tração | Moderada (recozido ~350–550 MPa; pode ser aumentada via T&R) | Maior (recozido/normalizado ~500–800 MPa após T&R ainda maior) |
| Resistência de escoamento | Moderada | Maior |
| Alongamento (uniforme/total) | Maior ductilidade (melhores valores de alongamento) | Menor alongamento em comparação com 20Mn em níveis de resistência semelhantes |
| Tenacidade ao impacto | Boa no estado recozido/normalizado; mantém tenacidade após revenimento | Menor tenacidade em resistência equivalente devido ao maior teor de C; requer estratégias de revenimento |
| Dureza (HRC/HB) | Dureza alcançável mais baixa para a têmpera dada; mais fácil de usinar | Dureza alcançável mais alta ao estado de têmpera; mais resistente ao desgaste, mas menos usinável quando endurecido |
Interpretação: - 40Mn geralmente atinge maior resistência e dureza devido ao seu maior carbono; é preferível onde resistência ao desgaste e capacidade de carga são priorizadas. - 20Mn oferece melhor ductilidade e geralmente soldabilidade superior, tornando-o adequado para componentes que requerem conformação ou união com menor risco de trincas na HAZ.
5. Soldabilidade
A soldabilidade depende principalmente do equivalente de carbono e da microaliagem. Dois índices comumente usados:
-
Equivalente de carbono do Instituto Internacional de Soldagem: $$CE_{IIW} = C + \frac{Mn}{6} + \frac{Cr+Mo+V}{5} + \frac{Ni+Cu}{15}$$
-
Dearden & O'Neill/Pcm (equivalente de carbono prático) para aços: $$P_{cm} = C + \frac{Si}{30} + \frac{Mn+Cu}{20} + \frac{Cr+Mo+V}{10} + \frac{Ni}{40} + \frac{Nb}{50} + \frac{Ti}{30} + \frac{B}{1000}$$
Interpretação qualitativa: - 20Mn tipicamente produz um equivalente de carbono mais baixo que 40Mn (devido ao menor carbono), então para níveis semelhantes de Mn, 20Mn tem soldabilidade superior, menores requisitos de pré-aquecimento e risco reduzido de trincas frias na HAZ. - O maior carbono de 40Mn eleva $CE_{IIW}$ e $P_{cm}$, aumentando a necessidade de pré-aquecimento, controle de entrada de calor, tratamento térmico pós-soldagem (PWHT) ou seleção de material de adição projetada para reduzir a dureza da HAZ. - Se houver adições de microaliagem (por exemplo, V, Nb), elas elevam esses índices ligeiramente e exigem controle de soldagem mais rigoroso.
Melhores práticas: - Para 40Mn, use pré-aquecimento e controle de temperatura entre passes, consumíveis de baixo hidrogênio e considere PWHT se alta resistência ou tenacidade crítica forem necessárias. - Para 20Mn, procedimentos de soldagem padrão com pré-aquecimento moderado são frequentemente adequados para espessuras comuns.
6. Corrosão e Proteção de Superfície
- Nenhum dos dois, 20Mn ou 40Mn, é inoxidável; a resistência à corrosão é típica do aço carbono e requer proteção em ambientes corrosivos.
- Estratégias de proteção de superfície:
- Galvanização a quente para exposição atmosférica.
- Eletrodeposição de zinco, sistemas de pintura, revestimentos em pó ou primers orgânicos/inorgânicos para proteção adicional.
- Proteção catódica ou revestimentos especializados para ambientes marinhos ou químicos agressivos.
Índices de aço inoxidável, como PREN: $$\text{PREN} = \text{Cr} + 3.3 \times \text{Mo} + 16 \times \text{N}$$ não são aplicáveis a 20Mn ou 40Mn porque estes não são ligas inoxidáveis e contêm Cr, Mo ou N negligenciáveis para resistência à corrosão. Para serviços corrosivos, escolha uma liga inoxidável ou aplique revestimentos protetores apropriados.
7. Fabricação, Usinabilidade e Conformabilidade
- Usinabilidade:
- 20Mn (menor carbono) é mais fácil de usinar em condição recozida; ferramentas de corte duram mais e as taxas de avanço/velocidade podem ser maiores.
- 40Mn, especialmente quando normalizado ou endurecido, é mais exigente para as ferramentas; a usinabilidade diminui com a maior dureza.
- Conformabilidade e dobra:
- 20Mn tem melhor conformabilidade a frio e comportamento de retorno devido à maior ductilidade.
- 40Mn forma com menos facilidade; pré-aquecimento ou conformação a quente podem ser preferidos para formas complexas.
- Acabamento:
- Ambos respondem bem ao acabamento superficial convencional; 40Mn endurecido pode exigir retificação em vez de torneamento para alcançar acabamentos de superfície apertados.
Recomendação de fabricação: - Quando tolerâncias de usinagem apertadas são necessárias com desgaste mínimo da ferramenta, especifique 20Mn em um estado mais macio ou solicite têmperas intermediárias. - Para componentes que requerem endurecimento final e resistência ao desgaste, especifique 40Mn com rotas de têmpera e revenimento apropriadas e considere os custos de usinagem/tratamento térmico pós-processamento.
8. Aplicações Típicas
| 20Mn – Usos Típicos | 40Mn – Usos Típicos |
|---|---|
| Eixos, pinos, eixos, engrenagens levemente carregadas, componentes forjados gerais onde ductilidade e soldabilidade são importantes | Eixos fortemente carregados, engrenagens temperadas e revenidas, peças de desgaste, forjados de alta resistência que requerem maior dureza |
| Partes estruturais que serão soldadas e requerem resistência moderada | Componentes que necessitam de maior resistência ao estado de têmpera e resistência ao desgaste (por exemplo, elementos de rolo, engrenagens pesadas) |
| Partes formadas a frio e partes que requerem usinagem secundária | Partes sujeitas a alta tensão de contato onde dureza e resistência à fadiga são necessárias após o HT |
Racional de seleção: - Escolha 20Mn para projetos que priorizam conformação, soldagem e tenacidade com demandas de resistência moderadas. - Escolha 40Mn para peças onde maior resistência e resistência ao desgaste após endurecimento são preocupações primárias e onde procedimentos de soldagem/HT controlados podem ser implementados.
9. Custo e Disponibilidade
- Custo:
- 20Mn é geralmente menos custoso em todo o ciclo de vida onde soldagem e tratamento térmico menos agressivo são desejados, porque menor carbono reduz custos de HT/PWHT e rejeições.
- 40Mn pode ser mais caro no processamento devido a controles de tratamento térmico e soldagem mais rigorosos, e potenciais etapas adicionais de usinagem/endurecimento.
- Disponibilidade:
- Ambos os graus são comuns em regiões com produção estabelecida de aço carbono (por exemplo, Ásia, Europa).
- A disponibilidade da forma do produto (barras, forjados, chapas) depende dos cronogramas de produção do moinho; 20Mn pode ser mais prontamente estocado em formas de barra e bobina recozidas de menor custo, enquanto 40Mn está amplamente disponível como forjados e barras tratáveis termicamente.
10. Resumo e Recomendação
Tabela resumo (classificações qualitativas: Bom / Moderado / Ruim)
| Aspecto | 20Mn | 40Mn |
|---|---|---|
| Soldabilidade | Boa | Moderada → requer pré-aquecimento/PWHT |
| Resistência–Endurecimento (potencial ao estado de têmpera) | Moderada | Alta |
| Tenacidade (em resistência equivalente) | Melhor | Menor (a menos que o revenimento seja otimizado) |
| Usinabilidade (recozido) | Boa | Moderada–Ruim quando endurecido |
| Custo (processamento & HT) | Menor | Maior (devido a controles de HT/soldagem) |
Conclusões: - Escolha 20Mn se você precisar: melhor soldabilidade e conformabilidade, maior ductilidade, produção mais simples e menor risco de trincas na HAZ—típico para fabricados soldados, peças conformadas e aplicações onde resistência moderada é suficiente. - Escolha 40Mn se você precisar: maior resistência ao estado de têmpera, maior resistência ao desgaste e maior resistência à fadiga após a têmpera e revenimento apropriados—típico para engrenagens de serviço pesado, eixos e peças de desgaste onde tratamento térmico rigoroso e soldagem controlada são aceitáveis.
Nota final: essas comparações são esquemáticas; o desempenho real depende da composição química exata, tamanho da seção, ciclo de tratamento térmico e condições de serviço. Sempre confirme os certificados químicos e mecânicos completos do moinho e, para aplicações críticas, realize testes específicos para a aplicação (qualificação do procedimento de soldagem, mapeamento de dureza, teste de tenacidade) antes da produção em larga escala.