Dureza no Aço: Tipos de Defeitos de Brittleza, Causas e Prevenção
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Definição e Conceito Básico
A fragilidade no aço refere-se à capacidade reduzida do material de se deformar plasticamente sem fraturar, particularmente em temperaturas elevadas durante processos de trabalho a quente. Representa uma condição em que o aço apresenta ductilidade e conformabilidade limitadas, tornando-o propenso a rachaduras ou fraturas quando submetido a deformação mecânica.
Essa propriedade é criticamente importante na ciência e engenharia de materiais, pois impacta diretamente a fabricabilidade de produtos de aço, particularmente durante laminação a quente, forjamento e outras operações de processamento termomecânico. A fragilidade pode limitar severamente a eficiência da produção e a qualidade do produto, causando defeitos na superfície, rachaduras internas ou falha completa da peça de trabalho.
Dentro do campo mais amplo da metalurgia, a fragilidade representa uma interação complexa entre composição química, características microestruturais e condições de processamento. É uma consideração fundamental na metalurgia de processos, muitas vezes determinando a viabilidade de operações de conformação e influenciando a seleção de parâmetros de processamento para diferentes graus de aço.
Natureza Física e Fundamento Teórico
Mecanismo Físico
No nível microestrutural, a fragilidade no aço resulta da presença de fases de baixo ponto de fusão que formam filmes líquidos ao longo das fronteiras dos grãos em temperaturas elevadas. Esses filmes líquidos reduzem significativamente a coesão entre os grãos, criando caminhos de fraqueza onde rachaduras podem facilmente iniciar e se propagar quando a tensão é aplicada.
O mecanismo microscópico envolve principalmente a segregação de elementos de impureza (particularmente enxofre, fósforo, cobre e estanho) para as fronteiras dos grãos durante a solidificação ou aquecimento. Esses elementos segregados formam compostos eutéticos com ferro que derretem a temperaturas abaixo do ponto de fusão do aço em massa, criando os filmes líquidos que comprometem a integridade estrutural durante o trabalho a quente.
O fenômeno é particularmente pronunciado em faixas de temperatura onde essas fases existem em um estado semi-sólido, criando uma faixa de temperatura "quente-frágil" crítica onde a conformabilidade é severamente comprometida.
Modelos Teóricos
O principal modelo teórico que descreve a fragilidade é o modelo de embrittlement das fronteiras dos grãos, que explica como os filmes líquidos intergranulares reduzem a resistência coesiva entre os grãos. Este modelo quantifica a relação entre a concentração de impurezas, temperatura e as propriedades mecânicas resultantes.
Historicamente, a compreensão da fragilidade evoluiu de observações empíricas na indústria do aço no início do século XX para explicações científicas em meados do século XX. Avanços significativos ocorreram com técnicas de microscopia eletrônica que permitiram a observação direta da segregação nas fronteiras dos grãos e da formação de filmes líquidos.
Abordagens modernas incluem modelos termodinâmicos que preveem a formação de fases com base na composição e temperatura, e modelos mecânicos que incorporam os efeitos da taxa de deformação e estado de tensão na iniciação de rachaduras em materiais embrittled.
Base da Ciência dos Materiais
A fragilidade está intimamente relacionada à estrutura cristalina, pois se manifesta nas interfaces entre cristais (fronteiras dos grãos) onde a ligação atômica já é mais fraca do que dentro da rede cristalina. As relações de orientação entre grãos adjacentes podem influenciar a suscetibilidade à fragilidade, afetando a energia da fronteira e o comportamento de segregação de impurezas.
A microestrutura do aço impacta significativamente a fragilidade, com fatores como tamanho do grão, caráter da fronteira do grão de austenita anterior e distribuição de precipitados desempenhando papéis cruciais. Estruturas de grão mais finas geralmente oferecem maior resistência à fragilidade, distribuindo impurezas por mais fronteiras, reduzindo os efeitos de concentração local.
Essa propriedade conecta-se a princípios fundamentais da ciência dos materiais, incluindo equilíbrios de fase, cinética de difusão e fenômenos interfaciais. Exemplifica como a segregação em escala atômica pode alterar dramaticamente o comportamento mecânico macroscópico por meio de mudanças na coesão interfacial.
Expressão Matemática e Métodos de Cálculo
Fórmula de Definição Básica
A suscetibilidade à fragilidade pode ser quantificada através do Índice de Suscetibilidade à Fragilidade (ESI):
$$ESI = \sum_{i} (w_i \times C_i)$$
Onde $w_i$ representa o fator de ponderação para o elemento $i$ com base em seu potencial de fragilização, e $C_i$ representa a concentração do elemento $i$ em porcentagem de peso.
Fórmulas de Cálculo Relacionadas
A faixa de temperatura crítica para a fragilidade pode ser estimada usando:
$$T_{critical} = T_m - \Delta T_{depression}$$
Onde $T_m$ é o ponto de fusão do ferro puro (1538°C) e $\Delta T_{depression}$ é a depressão do ponto de fusão causada por elementos de impureza:
$$\Delta T_{depression} = \sum_{i} (k_i \times C_i)$$
Onde $k_i$ é o coeficiente de depressão do ponto de fusão para o elemento $i$.
A ductilidade a quente do aço pode ser relacionada à fragilidade através da redução da área (RA) em testes de tração a quente:
$$RA(\%) = \frac{A_0 - A_f}{A_0} \times 100$$
Onde $A_0$ é a área da seção transversal inicial e $A_f$ é a área da seção transversal final na fratura.
Condições Aplicáveis e Limitações
Essas fórmulas são geralmente válidas para aços carbono convencionais e aços de baixo liga dentro de faixas típicas de temperatura de trabalho a quente (900-1300°C). Elas assumem condições de equilíbrio e podem não prever com precisão o comportamento sob aquecimento ou resfriamento rápido.
Os modelos têm limitações quando aplicados a aços altamente ligados ou quando ocorrem interações complexas entre múltiplos elementos de impureza. Eles também não levam em conta completamente os efeitos da recristalização dinâmica durante a deformação.
Essas abordagens matemáticas assumem distribuição uniforme de impurezas antes da segregação e não consideram variações de concentração localizadas que podem ocorrer durante a solidificação ou processamento.
Métodos de Medição e Caracterização
Especificações de Teste Padrão
- ASTM A1033: Prática Padrão para Medição Quantitativa e Relato de Transformações de Fase em Aços Carbono e Baixa Liga Hipoeutetóides
- ISO 6892-2: Materiais metálicos — Teste de tração — Parte 2: Método de teste em temperatura elevada
- ASTM E21: Métodos de Teste Padrão para Testes de Tensão a Temperatura Elevada de Materiais Metálicos
- JIS G 0567: Método de teste de tensão a quente para ferro e aço
Cada norma fornece procedimentos específicos para avaliar propriedades mecânicas em alta temperatura relacionadas à fragilidade, com foco particular nas medições de ductilidade em temperaturas elevadas.
Equipamentos e Princípios de Teste
Máquinas de teste de tração a quente equipadas com câmaras ambientais capazes de controle preciso de temperatura são comumente usadas. Esses sistemas geralmente apresentam elementos de aquecimento por indução ou resistência e mecanismos de agarramento especializados projetados para operação em temperatura elevada.
O princípio fundamental envolve submeter espécimes padronizados a deformação de tração controlada em temperaturas representativas dos processos de trabalho a quente, enquanto mede o comportamento de carga-deslocamento. Alguns sistemas avançados incorporam capacidades de observação in situ usando microscopia de alta temperatura.
Equipamentos especializados, como simuladores termomecânicos Gleeble, permitem controle preciso de temperatura, deformação e taxa de deformação enquanto medem simultaneamente múltiplos parâmetros, possibilitando uma replicação mais precisa das condições de processamento industrial.
Requisitos de Amostra
Espécimes padrão de tração a quente geralmente têm um comprimento de gauge de 25-50mm com seções transversais circulares de 6-10mm de diâmetro. Extremidades roscadas são comumente usadas para agarramento seguro em temperaturas elevadas.
A preparação da superfície requer usinagem cuidadosa para evitar concentrações de tensão, com pol