Temperatura Total Dura: Estado Máximo de Dureza em Aço Laminado a Frio

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Definição e Conceito Básico

Full Hard Temper refere-se à condição máxima de dureza e resistência alcançada em aço laminado a frio através de extensa redução a frio sem posterior recozimento ou tratamento térmico. Representa o nível mais alto de endurecimento por trabalho que pode ser alcançado na prática no processamento de aço comercial, tipicamente caracterizado por alta resistência ao escoamento, ductilidade reduzida e propriedades aumentadas de retorno elástico.

Full Hard Temper é uma designação crítica na indústria do aço que indica um perfil específico de propriedades mecânicas resultantes de severa deformação plástica durante a laminação a frio. Esta condição é particularmente importante em aplicações que requerem alta resistência, estabilidade dimensional e resistência ao desgaste sem processos adicionais de tratamento térmico.

No contexto mais amplo da metalurgia, Full Hard Temper representa um estado extremo no espectro de condições endurecidas por trabalho, contrastando com os estados recozidos, quarter-hard, half-hard e three-quarter-hard. Exemplifica como o processamento mecânico sozinho pode alterar dramaticamente as propriedades do material através da modificação microestrutural sem mudar a composição química.

Natureza Física e Fundamento Teórico

Mecanismo Físico

No nível microestrutural, Full Hard Temper resulta de severa deformação plástica que introduz uma alta densidade de discordâncias dentro da rede cristalina. Essas discordâncias interagem e se entrelaçam, criando barreiras ao movimento adicional de discordâncias e, assim, aumentando a resistência do material à deformação.

O processo de laminação a frio achata e alonga os grãos na direção da laminação, criando uma orientação cristalográfica preferencial (textura) e aumentando a área total da fronteira de grão. Este refinamento de grão contribui significativamente para o fortalecimento através da relação Hall-Petch, onde tamanhos de grão menores resultam em maior resistência.

O endurecimento por deformação no aço Full Hard Temper também envolve a formação de gêmeos de deformação e falhas de empilhamento, particularmente em aços com menor energia de falha de empilhamento. Esses defeitos dificultam ainda mais o movimento de discordâncias, contribuindo para a dureza e resistência excepcionais características dessa condição de tempera.

Modelos Teóricos

O principal modelo teórico que descreve Full Hard Temper é o modelo de endurecimento por deformação (work hardening), expresso matematicamente através da equação de Hollomon. Esta relação de lei de potência conecta a tensão verdadeira à deformação plástica e tem sido fundamental para a compreensão do endurecimento por trabalho desde a década de 1940.

Historicamente, a compreensão do endurecimento por trabalho evoluiu de observações empíricas no século 19 para a teoria das discordâncias em meados do século 20. Os primeiros metalurgistas notaram o fenômeno, mas careciam da estrutura teórica para explicá-lo até que a microscopia eletrônica revelou estruturas de discordâncias.

Abordagens teóricas alternativas incluem a equação de Voce, que descreve melhor o comportamento de endurecimento por saturação em altas deformações, e o modelo de Kocks-Mecking, que incorpora a evolução da densidade de discordâncias. Esses modelos fornecem perspectivas complementares sobre o fenômeno de endurecimento por trabalho subjacente ao Full Hard Temper.

Base da Ciência dos Materiais

Full Hard Temper relaciona-se diretamente à estrutura cristalina através da densidade e arranjo de discordâncias. No ferro cúbico de corpo centrado (BCC), as discordâncias interagem de maneira diferente do que nas fases cúbicas de face centrada (FCC), afetando como o material responde ao trabalho a frio e, em última análise, determinando a dureza máxima alcançável.

As fronteiras de grão no aço Full Hard Temper tornam-se alongadas e alinhadas com a direção da laminação, criando propriedades mecânicas anisotrópicas. Essas fronteiras atuam como barreiras ao movimento de discordâncias, contribuindo significativamente para a resistência do material através do fortalecimento Hall-Petch.

O princípio fundamental da ciência dos materiais de armazenamento de energia de deformação fundamenta o Full Hard Temper. A laminação a frio introduz uma energia armazenada substancial na forma de defeitos cristalinos, criando um estado termodinamicamente instável que fornece a força motriz para a recristalização se o material for posteriormente aquecido.

Expressão Matemática e Métodos de Cálculo

Fórmula de Definição Básica

A equação de Hollomon representa a relação fundamental que governa o endurecimento por trabalho no aço Full Hard Temper:

$$\sigma = K\varepsilon^n$$

Onde $\sigma$ é a tensão verdadeira, $K$ é o coeficiente de resistência (constante do material), $\varepsilon$ é a deformação plástica verdadeira, e $n$ é o expoente de endurecimento por deformação (tipicamente 0.05-0.15 para aço Full Hard).

Fórmulas de Cálculo Relacionadas

A redução na espessura necessária para alcançar o Full Hard Temper pode ser calculada usando:

$$r = \frac{t_0 - t_f}{t_0} \times 100\%$$

Onde $r$ é a percentagem de redução, $t_0$ é a espessura inicial, e $t_f$ é a espessura final. O Full Hard Temper geralmente requer reduções de 60-80%.

A relação entre dureza e resistência à tração para o aço Full Hard pode ser aproximada por:

$$UTS \approx k \times HV$$

Onde $UTS$ é a resistência à tração última (MPa), $HV$ é a dureza Vickers, e $k$ é um fator de correlação (tipicamente 3.0-3.5 para aço Full Hard).

Condições Aplicáveis e Limitações

Essas fórmulas se aplicam principalmente a aços de baixo e médio carbono com teor de carbono abaixo de 0.3%. Para aços de carbono mais alto ou altamente ligados, as relações tornam-se mais complexas e podem exigir determinação empírica.

A equação de Hollomon assume deformação uniforme e torna-se menos precisa em níveis de deformação muito altos, onde ocorre a localização de deformação. Também não leva em conta a sensibilidade à taxa de deformação ou os efeitos da temperatura durante a deformação.

Esses modelos matemáticos assumem laminação a frio contínua sem recozimento intermediário. Qualquer processo de recuperação ou recristalização invalidará essas relações e exigirá recalibração dos parâmetros do modelo.

Métodos de Medição e Caracterização

Especificações de Teste Padrão

ASTM A370: Métodos e Definições de Teste Padrão para Testes Mecânicos de Produtos de Aço - Cobre procedimentos de teste de tração para determinar propriedades mecânicas do aço Full Hard.

ASTM E18: Métodos de Teste Padrão para Dureza Rockwell de Materiais Metálicos - Especifica procedimentos de teste de dureza comumente usados para verificar o Full Hard Temper.

ISO 6892-1: Materiais metálicos — Teste de tração — Parte 1: Método de teste à temperatura ambiente - Fornece normas internacionais para testes de tração aplicáveis à caracterização do aço Full Hard.

Equipamentos e Princípios de Teste

Máquinas de teste universal com capacidades de carga de 50-300 kN são tipicamente usadas para testes de tração do aço Full Hard. Essas máquinas medem força e deslocamento para gerar curvas de tensão-deformação que revelam propriedades mecânicas chave.

Testadores de dureza (Rockwell, Vickers ou Brinell) medem a resistência do material à indentação. O teste de dureza Rockwell (tipicamente escala C ou B) é o mais comum para verificação rápida do Full Hard Temper em ambientes de produção.

Equipamentos de microscopia óptica e eletrônica permitem a caracterização microestrutural da estrutura do grão, densidade de discordâncias e desenvolvimento de textura. Técnicas avançadas como EBSD (Difração de Retroespalhamento Eletrônico) podem quantificar a textura cristalográfica característica do Full Hard Temper.

Requisitos de Amostra

Especificações de tração padrão seguem as dimensões ASTM E8/E8M, tipicamente com comprimentos de gauge de 50mm e áreas de seção transversal apropriadas para a espessura do material. Para chapas finas, amostras de tamanho reduzido podem ser usadas.

A preparação da superfície para teste de dureza requer superfícies planas e limpas, livres de escala, óxido ou descarbonização. Para materiais finos, um suporte adequado

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