Elongação: Medida Crítica de Ductilidade para Desempenho e Qualidade do Aço

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Definição e Conceito Básico

Alongamento é uma propriedade mecânica fundamental que quantifica a capacidade de um material de se deformar plasticamente sob tensão de tração antes que a fratura ocorra. Representa o aumento percentual no comprimento de uma amostra de teste em relação ao seu comprimento original após ser esticada até a falha em um teste de tração.

Essa propriedade serve como um indicador crítico da ductilidade de um material, que é essencial para processos de fabricação como conformação, estiramento e dobra. O alongamento fornece aos engenheiros informações valiosas sobre a capacidade do aço de passar por deformação plástica sem fraturar, permitindo a previsão do comportamento do material durante a fabricação e em condições de serviço.

No campo mais amplo da metalurgia, o alongamento está ao lado da resistência ao escoamento, resistência à tração e tenacidade como uma das propriedades mecânicas principais usadas para caracterizar e classificar produtos de aço. Representa um parâmetro chave de controle de qualidade na produção de aço e serve como um requisito de especificação contratual para muitos graus e aplicações de aço.

Natureza Física e Fundamento Teórico

Mecanismo Físico

No nível microestrutural, o alongamento resulta do movimento e multiplicação de discordâncias dentro da rede cristalina do aço. Quando uma tensão suficiente é aplicada, esses defeitos lineares se movem através da estrutura cristalina, permitindo que planos atômicos deslizem uns sobre os outros sem quebrar completamente as ligações atômicas.

A capacidade das discordâncias de se mover livremente através da microestrutura determina a extensão do possível alongamento. No ferrito de estrutura cúbica de corpo centrado (BCC), as discordâncias encontram maior fricção da rede do que no austenito de estrutura cúbica de face centrada (FCC), o que explica parcialmente por que os aços inoxidáveis austeníticos geralmente exibem maior alongamento do que os graus ferríticos.

Limites de grão, precipitados e outras características microestruturais atuam como obstáculos ao movimento das discordâncias. A interação entre esses obstáculos e as discordâncias cria o comportamento característico de tensão-deformação observado durante os testes de tração, influenciando diretamente os valores de alongamento medidos.

Modelos Teóricos

A deformação plástica que produz alongamento é descrita principalmente pela teoria das discordâncias, proposta pela primeira vez por Taylor, Orowan e Polanyi na década de 1930. Essa teoria explica como a deformação plástica ocorre através do movimento das discordâncias em vez de pela quebra simultânea de todas as ligações atômicas em um plano.

Historicamente, a compreensão do alongamento evoluiu de observações empíricas para modelos matemáticos. O trabalho inicial de Considère (1885) estabeleceu critérios para o início do estrangulamento, que marca a transição de alongamento uniforme para alongamento localizado.

Abordagens modernas incluem modelos de plasticidade cristalina que incorporam efeitos de orientação de grão e análise de elementos finitos que podem prever o comportamento de deformação em geometrias complexas. Modelos dependentes da taxa, como a equação de Johnson-Cook, estendem ainda mais essas estruturas para levar em conta os efeitos da taxa de deformação e temperatura no alongamento.

Base da Ciência dos Materiais

O alongamento está intimamente ligado à estrutura cristalina, com metais de estrutura cúbica de face centrada (FCC) geralmente mostrando maior alongamento do que estruturas cúbicas de corpo centrado (BCC) ou hexagonais compactadas (HCP) devido ao maior número de sistemas de deslizamento disponíveis.

Limites de grão influenciam significativamente o alongamento ao atuarem como barreiras ao movimento das discordâncias. Aços de grão fino geralmente exibem maior resistência ao escoamento, mas menor alongamento do que variantes de grão grosso da mesma composição, demonstrando a clássica troca entre resistência e ductilidade.

Os princípios fundamentais do endurecimento por trabalho (endurecimento por deformação) explicam por que o alongamento diminui à medida que o aço é trabalhado a frio. À medida que as discordâncias se acumulam e interagem durante a deformação, seu movimento se torna cada vez mais restrito, reduzindo a capacidade do material para mais deformação plástica.

Expressão Matemática e Métodos de Cálculo

Fórmula de Definição Básica

A equação fundamental para o alongamento é:

$$\varepsilon = \frac{L_f - L_0}{L_0} \times 100\%$$

Onde:
- $\varepsilon$ é o alongamento percentual
- $L_f$ é o comprimento final da amostra após a fratura
- $L_0$ é o comprimento original da amostra antes do teste

Fórmulas de Cálculo Relacionadas

A deformação de engenharia, intimamente relacionada ao alongamento, é calculada como:

$$e = \frac{\Delta L}{L_0} = \frac{L - L_0}{L_0}$$

A deformação verdadeira, que leva em conta as mudanças de comprimento instantâneas, é expressa como:

$$\varepsilon_{true} = \ln\left(\frac{L}{L_0}\right) = \ln(1 + e)$$

Para metais que obedecem ao modelo de endurecimento por lei de potência, a relação entre tensão verdadeira e deformação verdadeira na região plástica pode ser expressa como:

$$\sigma_{true} = K\varepsilon_{true}^n$$

Onde $K$ é o coeficiente de resistência e $n$ é o expoente de endurecimento por deformação, que se correlaciona com o alongamento uniforme através de:

$$\varepsilon_{uniform} \approx n$$

Condições Aplicáveis e Limitações

Essas fórmulas assumem deformação homogênea ao longo do comprimento da amostra, o que só é válido até o início do estrangulamento. Após o início do estrangulamento, a deformação torna-se localizada e a fórmula simples de deformação de engenharia não representa mais com precisão a deformação local.

Os cálculos presumem condições de carregamento quase estáticas e não são diretamente aplicáveis a deformações de alta taxa sem modificação. Efeitos de temperatura também não são considerados nessas fórmulas básicas.

As medições padrão de alongamento assumem que a amostra de teste foi devidamente usinada e preparada de acordo com os padrões relevantes, sem defeitos preexistentes que possam causar falha prematura.

Métodos de Medição e Caracterização

Especificações de Teste Padrão

ASTM E8/E8M: Métodos de Teste Padrão para Testes de Tração de Materiais Metálicos (EUA) - Cobre procedimentos detalhados para a realização de testes de tração e medição de alongamento para várias geometrias de amostras.

ISO 6892-1: Materiais metálicos - Teste de tração - Parte 1: Método de teste à temperatura ambiente - Fornece procedimentos reconhecidos internacionalmente para determinar o alongamento e outras propriedades de tração.

EN 10002-1: Materiais metálicos - Teste de tração - Parte 1: Método de teste à temperatura ambiente - Norma europeia com escopo semelhante ao ISO 6892-1.

JIS Z 2241: Método de teste de tração para materiais metálicos - Norma japonesa que especifica procedimentos de teste de tração, incluindo medição de alongamento.

Equipamentos e Princípios de Teste

Máquinas de teste universais (UTMs) são o principal equipamento usado para medição de alongamento. Essas máquinas aplicam força de tração controlada às amostras enquanto registram dados de carga e deslocamento.

Extensômetros são fixados à seção de medição das amostras de teste para medir o alongamento diretamente durante o teste. Sistemas modernos usam extensômetros de contato mecânico ou extensômetros de vídeo sem contato para medição precisa de deformação.

O princípio fundamental envolve a aplicação de força de tração uniaxial a uma taxa controlada até a fratura da amostra, enquanto monitora continuamente a carga aplicada e a deformação resultante. Sistemas de aquisição de dados digitais registram essas informações para análise posterior.

Requisitos da Amostra

Amostras de tração planas padrão geralmente têm comprimentos de medição de 50 mm ou 2 polegadas, com razões de largura para espessura projetadas para garantir uma distribuição uniforme de tensão. Amostras redondas comumente têm diâmetros de medição de

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