Laminação: O Processo Fundamental de Formação de Metal na Produção de Aço

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Definição e Conceito Básico

O laminação é um processo de conformação de metais no qual o material metálico é passado por um ou mais pares de rolos para reduzir a espessura, uniformizar a espessura e/ou conferir uma propriedade mecânica desejada. Representa um dos processos de deformação mais fundamentais e amplamente utilizados na indústria do aço, respondendo por aproximadamente 90% de todos os produtos metálicos fabricados.

A laminação transforma a microestrutura inicial do aço fundido em uma estrutura forjada com propriedades mecânicas aprimoradas. O processo induz deformação plástica que quebra a estrutura dendrítica fundida e cria uma estrutura de grão mais refinada e direcional.

Dentro do campo mais amplo da metalurgia, a laminação ocupa uma posição central como uma técnica primária de trabalho em metais que conecta a fabricação de aço e a produção de produtos acabados. Serve tanto como um meio de moldar o aço quanto como um processo crítico para controlar sua microestrutura e propriedades por meio do processamento de deformação.

Natureza Física e Fundamento Teórico

Mecanismo Físico

No nível microestrutural, a laminação induz deformação plástica através do movimento de discordâncias dentro da rede cristalina do aço. À medida que o material passa entre os rolos, as tensões compressivas superam a resistência ao escoamento, fazendo com que as discordâncias se multipliquem e se movam ao longo de planos de deslizamento.

Esse processo de deformação resulta em alongamento dos grãos na direção da laminação e refino dos grãos através da recristalização quando realizado em temperaturas elevadas. O movimento e a interação das discordâncias levam ao endurecimento por trabalho na laminação a frio ou recuperação dinâmica e recristalização na laminação a quente.

A deformação aplicada faz com que texturas cristalográficas se desenvolvam, onde certas orientações cristalinas se alinham preferencialmente em relação à direção da laminação. Essas texturas influenciam significativamente a anisotropia mecânica do produto laminado.

Modelos Teóricos

O método da placa representa o principal modelo teórico para analisar processos de laminação, desenvolvido por von Kármán no início do século 20. Essa abordagem trata a zona de deformação como um contínuo e aplica princípios de equilíbrio de forças para prever forças de laminação e requisitos de potência.

A compreensão histórica evoluiu de observações empíricas para modelos computacionais sofisticados. Trabalhos iniciais de Siebel e Orowan estabeleceram relações fundamentais entre força de rolo, área de contato e tensão de fluxo do material.

Abordagens modernas incluem modelagem por elementos finitos (FEM), que considera a deformação elástica dos rolos (achatamento do rolo), gradientes de temperatura e evolução microestrutural. Métodos de limite superior fornecem soluções analíticas para padrões de deformação mais complexos, enquanto modelos de plasticidade cristalina conectam a deformação macroscópica aos mecanismos de deslizamento cristalográfico.

Base da Ciência dos Materiais

A laminação afeta diretamente a estrutura cristalina ao alongar grãos na direção da laminação e comprimí-los na direção normal. Nas fronteiras dos grãos, a deformação cria regiões de alta energia que podem servir como locais de nucleação para recristalização durante o recozimento subsequente.

A evolução da microestrutura durante a laminação depende da temperatura, deformação e taxa de deformação. A laminação a quente (acima da temperatura de recristalização) produz recristalização dinâmica e recuperação, enquanto a laminação a frio cria energia armazenada através do endurecimento por trabalho sem recristalização imediata.

A laminação conecta-se a princípios fundamentais da ciência dos materiais de deformação plástica, endurecimento por trabalho, recuperação, recristalização e crescimento de grãos. O processo exemplifica como a deformação controlada pode engenheirar a microestrutura para alcançar propriedades mecânicas desejadas.

Expressão Matemática e Métodos de Cálculo

Fórmula de Definição Básica

O parâmetro fundamental na laminação é o desvio, definido como a redução na espessura:

$$d = h_0 - h_f$$

Onde:
- $d$ = desvio absoluto (mm)
- $h_0$ = espessura inicial (mm)
- $h_f$ = espessura final (mm)

A redução percentual é dada por:

$$r = \frac{h_0 - h_f}{h_0} \times 100\%$$

Fórmulas de Cálculo Relacionadas

A força de laminação pode ser calculada usando:

$$F = w \cdot L \cdot \bar{p}$$

Onde:
- $F$ = força de laminação (N)
- $w$ = largura da tira (mm)
- $L$ = comprimento projetado de contato (mm)
- $\bar{p}$ = pressão média (MPa)

O comprimento projetado de contato é aproximado por:

$$L \approx \sqrt{R \cdot (h_0 - h_f)}$$

Onde $R$ é o raio do rolo (mm).

O torque por rolo é calculado como:

$$T = F \cdot a$$

Onde $a$ é o braço de alavanca (mm), tipicamente aproximado como $L/2$.

Condições e Limitações Aplicáveis

Essas fórmulas assumem rolos rígidos e deformação homogênea, o que se torna menos preciso com grandes deformações de rolo ou ao laminar materiais de alta resistência.

O método da placa é válido para razões largura-espessura superiores a 10, onde as condições de deformação plana predominam. Para tiras mais estreitas, os efeitos de borda tornam-se significativos e modelos 3D são necessários.

Esses modelos assumem condições isotérmicas, o que raramente é verdadeiro na laminação industrial, onde gradientes de temperatura existem através da espessura e ao longo da direção da laminação.

Métodos de Medição e Caracterização

Especificações de Teste Padrão

ASTM A1030: Prática padrão para medir características de planicidade de produtos de chapa de aço.

ISO 9517: Materiais metálicos — Chapa e tira — Determinação da razão de deformação plástica.

ASTM E517: Método de teste padrão para a razão de deformação plástica r para chapas metálicas.

ASTM E8/E8M: Métodos de teste padrão para ensaios de tração de materiais metálicos, usados para avaliar propriedades após a laminação.

Equipamentos e Princípios de Teste

Os laminadores variam de escala laboratorial (tipicamente configuração de dois rolos) a laminadores industriais de múltiplos estágios. Laminadores instrumentados medem força de rolo, torque e velocidade usando células de carga, medidores de torque e encoders.

Gauges de espessura ópticos e baseados em laser monitoram continuamente a espessura durante a laminação. Esses sistemas usam princípios de transmissão de luz, reflexão ou triangulação para alcançar precisões de ±1 μm.

A caracterização avançada emprega difração de retroespalhamento de elétrons (EBSD) para analisar a textura cristalográfica e difração de raios X para medir tensões residuais induzidas pela laminação.

Requisitos de Amostra

Especificações padrão para avaliar produtos laminados geralmente seguem dimensões especificadas na ASTM E8/E8M, com comprimentos de gauge de 50 mm e larguras de 12,5 mm para materiais de chapa.

A preparação da superfície para análise microestrutural requer moagem, polimento até acabamento espelhado e ataque com reagentes apropriados (por exemplo, 2-5% de Nital para aços carbono).

As amostras devem ser coletadas em múltiplas orientações (direção da laminação, direção transversal e 45° em relação à direção da laminação) para caracterizar a anisotropia induzida pela laminação.

Parâmetros de Teste

Os testes padrão geralmente ocorrem à temperatura ambiente (23 ± 5°C), a menos que se avaliem propriedades em alta temperatura ou se simulem condições de serviço.

As taxas de deformação para testes de tração de produtos laminados geralmente variam de 10^-3 a 10^-4 s^-1 de acordo com a ASTM

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