Requadramento: Processo Essencial para Precisão Dimensional na Produção de Aço
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Definição e Conceito Básico
Requadramento é uma operação de acabamento de precisão realizada em produtos de aço para estabelecer ou restaurar bordas perpendiculares e tolerâncias dimensionais precisas. Envolve a remoção de material das bordas de chapas, folhas ou bobinas de aço para criar bordas limpas, retas e perpendiculares que atendam aos requisitos dimensionais especificados.
Esse processo é crítico na fabricação de aço, pois garante que os processos de fabricação subsequentes possam ser realizados com precisão e eficiência. O requadramento impacta diretamente a qualidade de ajuste nas operações de soldagem, a precisão de montagem e a integridade estrutural geral do produto final.
Dentro do campo mais amplo da metalurgia, o requadramento representa uma interseção importante entre a produção primária de aço e o processamento secundário. Ele preenche a lacuna entre a produção de material em massa e os requisitos de fabricação de precisão, servindo como um ponto crítico de controle de qualidade na cadeia de processamento do aço.
Natureza Física e Fundamento Teórico
Mecanismo Físico
No nível microestrutural, o requadramento aborda a deformação das bordas que ocorre durante o processamento primário do aço. As bordas do aço frequentemente contêm irregularidades microestruturais, incluindo grãos deformados, microfissuras e concentrações de tensões residuais que se desenvolvem durante operações de laminação, cisalhamento ou fundição.
O processo remove mecanicamente essas regiões de borda comprometidas, expondo material fresco com uma estrutura de grão mais uniforme. Essa eliminação de defeitos nas bordas reduz os pontos de concentração de tensões que poderiam, de outra forma, servir como locais de iniciação de fissuras durante operações de conformação subsequentes ou em carga de serviço.
Modelos Teóricos
O principal modelo teórico que rege o requadramento é o modelo de deformação em plano, que descreve o comportamento do material durante operações de corte de borda. Este modelo leva em conta as características de fluxo plástico do aço sob condições de corte restritas.
Historicamente, o requadramento era abordado como uma correção puramente geométrica, mas a compreensão moderna incorpora princípios metalúrgicos. O desenvolvimento da análise de elementos finitos na década de 1970 avançou significativamente a compreensão das distribuições de tensões durante operações de corte de borda.
Abordagens contemporâneas agora integram tanto modelos de precisão geométrica quanto modelos de resposta do material, com atenção particular à zona afetada pelo calor criada durante métodos de corte térmico em comparação com a zona endurecida por trabalho produzida por métodos de corte mecânico.
Base da Ciência dos Materiais
O requadramento interage diretamente com a estrutura cristalina do aço, particularmente nas fronteiras dos grãos. Quando o aço é cortado ou cisalhado, a região da borda experimenta uma severa deformação plástica, criando uma zona de estrutura cristalina altamente distorcida com densidade de deslocalização aumentada.
A microestrutura nas bordas cortadas geralmente apresenta grãos alongados, bandas de deformação e potencialmente transformações de fase se métodos de corte térmico forem empregados. Essas alterações microestruturais podem se estender vários milímetros para dentro do material, dependendo do grau do aço e do método de corte.
O processo se conecta a princípios fundamentais da ciência dos materiais de deformação plástica, endurecimento por trabalho e, no caso de métodos de corte térmico, cinética de transformação de fase. A qualidade das bordas requadradas influencia diretamente a resistência à propagação de fissuras e o desempenho à fadiga do produto final.
Expressão Matemática e Métodos de Cálculo
Fórmula de Definição Básica
O requisito geométrico fundamental para o requadramento pode ser expresso como:
$\theta = 90° \pm \delta$
Onde $\theta$ representa o ângulo medido entre bordas adjacentes e $\delta$ representa a tolerância angular permitida (geralmente expressa em graus ou minutos).
Fórmulas de Cálculo Relacionadas
A precisão dimensional após o requadramento pode ser quantificada usando a fórmula de desvio de retidão:
$S_d = \max|y_i - y_{ideal}|$
Onde $S_d$ é o desvio de retidão, $y_i$ representa os pontos medidos reais ao longo da borda, e $y_{ideal}$ representa a borda teoricamente perfeitamente reta.
A tolerância de perpendicularidade pode ser calculada como:
$P_t = \max|d_i|$
Onde $P_t$ é a tolerância de perpendicularidade e $d_i$ representa a distância dos pontos medidos ao plano de referência perpendicular.
Condições e Limitações Aplicáveis
Essas fórmulas se aplicam sob condições de medição padrão com temperatura a 20°C ± 2°C para minimizar os efeitos da expansão térmica. As medições devem ser feitas com a chapa de aço apoiada em uma superfície de referência plana para eliminar a deflexão gravitacional.
Os modelos matemáticos assumem comportamento de corpo rígido e não levam em conta a deformação elástica durante a medição. Para chapas mais finas que 3mm, pode ser necessário um dispositivo especial para evitar erros de medição devido à flexibilidade.
Esses cálculos também assumem que os pontos de medição são suficientemente numerosos para capturar irregularidades nas bordas. Para aplicações críticas, a densidade mínima de pontos de medição deve ser de um ponto por 100mm de comprimento de borda.
Métodos de Medição e Caracterização
Especificações de Teste Padrão
- ASTM A6/A6M: Especificação Padrão para Requisitos Gerais para Barras Estruturais de Aço Laminado, Chapas, Formas e Piling de Folha
- ISO 9013: Corte térmico - Classificação de cortes térmicos - Especificação de produto geométrico e tolerâncias de qualidade
- EN 10029: Chapas de aço laminadas a quente com 3 mm de espessura ou mais - Tolerâncias em dimensões e forma
Cada norma fornece tolerâncias específicas para retidão de borda, perpendicularidade e condição de superfície após operações de corte, com a ASTM A6 focando principalmente em tolerâncias dimensionais para aplicações estruturais.
Equipamentos e Princípios de Teste
Os equipamentos de medição comuns incluem esquadros de precisão, indicadores de disco e máquinas de medição por coordenadas (CMMs). Sistemas de medição óptica digital que utilizam tecnologia de escaneamento a laser oferecem capacidades de medição não contatantes de alta precisão.
Essas técnicas de medição operam com o princípio de comparar a geometria real da borda com a geometria perfeita teórica. Sistemas modernos utilizam planos de referência e comparação digital para calcular desvios da geometria ideal.
Instalações avançadas empregam sistemas automatizados de inspeção de bordas com tecnologia de visão computacional capazes de avaliar a qualidade da borda em tempo real durante a produção.
Requisitos de Amostra
A inspeção padrão requer avaliação de borda em comprimento total com a chapa de aço posicionada em uma superfície de referência plana. A tolerância de planicidade da superfície de referência deve ser pelo menos uma ordem de magnitude melhor do que a tolerância de medição.
As superfícies das bordas devem estar livres de escamas soltas, escória de corte ou outros detritos que possam interferir na precisão da medição. Para aplicações de precisão, as bordas podem exigir leve desbaste para remover rebarbas antes da medição.
O material deve estar em equilíbrio térmico com o ambiente de medição para evitar efeitos de expansão térmica durante a medição.
Parâmetros de Teste
As medições devem ser realizadas em temperatura ambiente padrão (20°C ± 2°C) com umidade relativa abaixo de 70% para evitar condensação em equipamentos de medição de precisão.
Para sistemas automatizados, as taxas de escaneamento geralmente variam de 10 a 100mm/segundo, dependendo da precisão requerida. A força de medição para métodos de contato deve ser controlada para evitar deflexão de materiais finos.
As condições de iluminação para sistemas ópticos devem fornecer contraste adequado entre a borda e o fundo, sem criar sombras ou reflexos que possam comprometer a precisão da medição.
Processamento de Dados
A coleta de dados geralmente envolve múltiplos pontos de medição ao longo de cada borda, com maior densidade de amostragem em cantos e